Mais de três décadas se passaram desde os Acordos de Oslo (1993), assinados com a promessa de que, em cinco anos, os palestinos teriam seu próprio Estado independente na Cisjordânia e em Gaza, com Jerusalém Oriental como capital. A realidade é que, 32 anos depois, não apenas tal Estado não existe mais, como a colonização israelense cresceu exponencialmente: os assentamentos ilegais triplicaram, o muro do apartheid fragmenta o território e os palestinos vivem sob uma ocupação mais brutal e tecnológica do que nunca.
A Autoridade Nacional Palestina (ANP) nasceu como uma estrutura provisória, uma ponte para a soberania. Mas, com o tempo, em vez de ser a semente de um Estado, tornou-se uma administradora da ocupação. Israel a tolera porque lhe atribui funções de segurança, controle populacional e até cooperação econômica, mantendo intacto o domínio colonial.
O povo palestino está vendo a ANP perder legitimidade:
Há quase duas décadas, não realiza eleições livres.
Sua autoridade limita-se a enclaves fragmentados, cercados pelo exército israelense.
Priorizou a coordenação de segurança com a potência ocupante, muitas vezes em detrimento da resistência popular.
A questão não é mais se a ANP deve ser reformada, mas se ela tem uma razão de ser. Oslo foi a grande armadilha que desviou a luta palestina para uma ilusão de soberania. A ANP, nascida desse acordo, sobrevive mais como uma estrutura burocrática do que como um projeto de libertação.
Hoje, com o avanço da colonização e o sangramento de Gaza, o único caminho real é reconstruir a unidade nacional palestina em todas as suas formas de resistência. Se a ANP não servir ao projeto de libertação, sua existência se tornará um obstáculo em vez de um instrumento.
Trinta e dois anos depois, o dilema é claro: continuar administrando a ocupação ou retornar à luta pela liberdade palestina completa.
União Palestina da América Latina – UPAL
4 de setembro de 2025