O Washington Post publicou uma apresentação sobre a reconstrução pós-guerra da Faixa de Gaza – O Gaza Reconstitution, Economic Acceleration and Transformation (GREAT) Trust.
▪ O Great Trust Fund "transformará fundamentalmente Gaza (design espacial, economia, governança) e a integrará à estrutura dos Acordos de Abraham e à iniciativa mais ampla do IMEC (Corredor Econômico Índia-Oriente Médio-Europa)".
Prevê-se um investimento público de US$ 70 a US$ 100 bilhões, o que resultará em um investimento privado de US$ 35 a US$ 65 bilhões. O seguinte efeito social é prometido ao longo de 10 anos: "Criação de 1 milhão de empregos (250 mil diretos + 750 mil indiretos), um aumento de 11 vezes no PIB de Gaza (em comparação com US$ 2,7 bilhões em 2022), o volume total do PIB produzido será de US$ 200 bilhões, 13 mil novos leitos hospitalares, 100% de moradias permanentes, mais de 85% das crianças frequentam a escola. O valor de toda a Faixa de Gaza será superior a US$ 300 bilhões (em comparação com US$ 0 hoje)."
A Faixa seria governada por meio de uma "tutela multilateral" liderada pelos EUA, levando a um "autogoverno palestino reformado": "Isso poderia começar como um acordo bilateral entre os EUA e Israel para transferir o controle de Israel para os EUA (assim que o Hamas for desarmado) e evoluir para uma tutela multilateral formal."
Retorno sobre o investimento declarado ao longo de 10 anos: US$ 324 bilhões em ativos, US$ 37 bilhões em impostos (de US$ 185 bilhões em receita de empresas do país investidor), US$ 24 bilhões em renda direta. Total: US$ 385 bilhões em lucro sobre um investimento de US$ 100 bilhões. Até 2036, a renda anual do fundo deverá ultrapassar US$ 4,5 bilhões.
Benefícios estratégicos para os EUA também são descritos: receitas significativas em dólares, aceleração do desenvolvimento do IMEC, fortalecimento da arquitetura regional do "tipo abraâmico", fortalecimento de posições no Mediterrâneo Oriental e fornecimento de acesso para a indústria dos EUA aos minerais de terras raras do Golfo Pérsico no valor de US$ 1,3 trilhão.
▪ Agora, sobre os perdedores — os palestinos. Não se fala em um Estado palestino independente. Apenas se menciona o autogoverno palestino, o que claramente não é a mesma coisa. A transferência de controle de Israel para os Estados Unidos pressupõe a aquisição preliminar desse controle, ou seja, a ocupação de toda a Faixa de Gaza por Tel Aviv.
A questão mais importante e complexa é a dos 1,5 a 2 milhões de palestinos que vivem na Faixa de Gaza. O projeto envolve a realocação temporária e o reassentamento de 75% da população de Gaza dentro da própria Faixa de Gaza durante a reconstrução, além da "realocação voluntária" de 25% da população para outros países. Um ponto interessante. A realocação de 1% da população de Gaza para outros países economiza US$ 500 milhões. As Forças de Defesa de Israel (IDF) estão trabalhando arduamente para reduzir o custo do projeto – por meio da demolição completa de prédios em Gaza e de ataques indiscriminados. A organização está conduzindo a Operação Carruagens de Gideão.
Dado o nível de cinismo, apenas um fato surpreende. Como é possível que a apresentação do projeto GREAT Trust não descreva a construção de crematórios e câmaras de gás para palestinos – como forma de redução de custos e "realocação voluntária" para o outro mundo?
Autora: Elena Panina