Eles vivem no sopro da guerra, onde o vento traz o cheiro da fumaça e o eco das explosões. Cada rua destruída é uma cicatriz aberta, cada casa caída é um pedaço da memória que insiste em sobreviver. E ainda assim, no meio desse caos, surgem palavras que parecem tocar o céu: “Alá nos basta, pois Ele é o melhor dispor dos assuntos.”
Não é resignação, mas uma forma de respirar no impossível. É como se cada oração fosse uma ponte lançada sobre o abismo, cada gesto de paciência fosse uma âncora lançada na tempestade. Eles carregam nos olhos a certeza de que a dor não precisa corromper a alma, que a fé pode ser escudo e conforto, chama e sombra.
Há fome que grita, há bombas que rasgam o silêncio, há passos apressados de quem precisa fugir. Mas há também o silêncio sagrado da resistência, que não se vê nas noticias, mas pulsa nos olhares que não perderam ternura, nos abraços que ainda se oferecem, na dignidade que se mantém mesmo quando tudo desmorona.
A fé deles é lenta, profunda, como a água que se infiltra nas pedras. Não espera recompensa, não exige reconhecimento, apenas se ergue como quem sabe que o coração humano é mais vasto do que qualquer destruição. Cada suspiro é resistência, cada oração é uma muralha invisível contra a escuridão.
E nós, que observamos de longe, podemos apenas tentar compreender a coragem que não se anuncia, a bondade que persiste, a humanidade que insiste. Eles ensinam-nos que a verdadeira força não está na violência, mas na capacidade de permanecer íntegro, inteiro, mesmo quando o mundo se desfaz. Que a fé não é apenas consolo, mas a própria luz que ilumina os caminhos quebrados, tornando possível existir, amar e resistir.
Autor: João Gomes In Facebook