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Destaques da entrevista de Sergey Lavrov a Tucker Carlson
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Publicado em 06/12/2024

"Não vemos razão para que a Rússia e os Estados Unidos não possam trabalhar juntos para o bem do Universo", disse o chanceler russo, acrescentando que oficialmente os dois países não estão em conflito.

 

Ao ser perguntado em entrevista ao jornalista norte-americano Tucker Carlson, divulgada na sexta-feira, se os Estados Unidos e a Rússia estão agora em guerra, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou que "não diria isso", destacando que "não é algo que desejamos" e "não queremos agravar a situação".

 

O chanceler declarou que a Rússia gostaria de ter relações normais com todos os seus vizinhos, com todos os países em geral, especialmente com um país tão grande como os Estados Unidos. Ele lembrou que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, expressou repetidamente o seu respeito pelo povo norte-americano, pela história dos Estados Unidos e pelas conquistas desse país no mundo.

"Não vemos razão para que a Rússia e os Estados Unidos não possam trabalhar juntos para o bem do universo", indicou, acrescentando que oficialmente os dois países não estão em conflito.

"Alguns chamam o que está acontecendo na Ucrânia de guerra híbrida. Eu também a chamaria assim", explicou, sublinhando que os ucranianos não poderiam fazer o que estão fazendo com armas modernas de longo alcance sem a assistência direta dos militares dos EUA.

"Isso é perigoso. Não temos dúvidas quanto a isso. E não queremos agravar a situação. Mas como o território russo está sendo atacado com mísseis ATACAMS e outras armas de longo alcance, estamos enviando sinais. Esperamos que o último deles - o de algumas semanas atrás - sobre o novo sistema Oréshnik tenha sido levado a sério ".

 

O diplomata qualificou como “um erro grave” seguir a lógica proclamada ultimamente por algumas pessoas que dizem: "Não pense que a Rússia tem linhas vermelhas, mesmo que ela as desenhe, ela está sempre mudando-as de lugar”.

 

Lavrov lembrou que o presidente Putin insistiu em várias ocasiões que nós iniciamos a operação militar especial para acabar com a guerra que o regime de Kiev estava travando contra o seu próprio povo em Donbass.

"Não fomos nós que começamos a guerra", sublinhou o chanceler, afirmando que o seu país prefere uma resolução pacífica por meio de negociações com base no respeito mútuo pelos interesses legítimos da segurança da Rússia, dos russos étnicos que vivem na Ucrânia, "seus direitos fundamentais, seus direitos religiosos e seu idioma, que foram aniquilados por uma série de leis aprovadas pelo Parlamento ucraniano".

 

Segundo Lavrov, a perseguição de tudo o que é russo começou muito antes da Operação Militar Especial, já que uma legislação a respeito foi aprovada na Ucrânia desde 2017, proibindo o ensino em russo, a imprensa russa e o trabalho da imprensa ucraniana no idioma russo.

"Também foram tomadas medidas para cancelar todos os tipos de eventos culturais em russo. Os livros em russo são jogados fora das bibliotecas e destruídos. A última medida foi a aprovação de uma lei que proíbe a Igreja Ortodoxa Canônica Ucraniana". 

 

Ele indicou ainda que se não fosse o golpe de Estado de fevereiro de 2014 na Ucrânia e se o acordo firmado no dia anterior entre o então presidente e a oposição tivesse sido implementado, o país vizinho ainda estaria unido e a Crimeia ainda faria parte dela.

 

 "Sinal para o Ocidente"

 

Perguntado sobre uso do sistema balístico hipersónico, que o chanceler descreveu como um "sinal para o Ocidente", Lavrov explicou que a mensagem passada é que os Estados Unidos e seus aliados, que fornecem armas de longo alcance ao regime de Kiev, devem entender que a Rússia está pronta para usar qualquer meio para impedir que os países ocidentais lhe inflijam uma "derrota estratégica".

"O Ocidente luta para manter a sua hegemonia no mundo, em qualquer país, região ou continente. Nós lutamos por nossos legítimos interesses de segurança", afirmou Lavrov, acrescentando que os aliados da Ucrânia lutam por um regime que está pronto para vender ou doar ao Ocidente todos os recursos naturais e humanos do seu país.

"A mensagem que queríamos transmitir ao testar esse sistema hipersónico (Oreshnik) em condições reais é que estaremos preparados para fazer todo o possível para proteger nossos interesses legítimos".

 

O chanceler russo afirmou que a Rússia não está considerando uma guerra com os Estados Unidos, que poderia ser de natureza nuclear, destacando que a doutrina militar russa determina que o principal é evitar a guerra nuclear.

"Gostaria de lembrar que fomos nós que, em janeiro de 2022, iniciamos uma declaração conjunta dos líderes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU dizendo que faríamos todo o possível para evitar confrontos entre nós, reconhecendo e respeitando os interesses e as preocupações de segurança uns dos outros", disse o chanceler.

 

Mas os interesses de segurança da Rússia foram completamente ignorados ao rejeitar a proposta da Rússia de concluir um tratado sobre garantias de segurança, afirmou.

 

A Lavrov também foi perguntado se existe um mecanismo pelo qual os líderes da Rússia e dos Estados Unidos possam se comunicar para evitar mal-entendidos que poderiam levar à "morte de centenas de milhões de pessoas".

"Temos um canal que é ativado automaticamente quando um míssil balístico é lançado. Quanto ao míssil balístico hipersónico de médio alcance Oreshnik, o sistema enviou uma mensagem aos Estados Unidos 30 minutos antes do lançamento. Eles sabiam que isso ia acontecer e não o identificaram como algo maior e realmente perigoso.", explicou o chanceler afirmando que foi um lançamento de teste e que " não estamos falando de exterminar a população de ninguém".

 

"Nada da OTAN" na Ucrânia

 

Ao ser perguntado sobre quais condições a Rússia aceitaria para pôr fim ao conflito ucraniano, Lavrov relembrou que o presidente Putin referiu-se a essas condições durante seu discurso no Ministério das Relações Exteriores da Rússia em 14 de junho deste ano.

 

O presidente confirmou que "estamos prontos para conduzir as negociações com base nos princípios acordados em Istambul", que foram rejeitados pelo ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson a pedido do chefe da delegação ucraniana, David Arakhamia.

"O princípio fundamental é a não adesão da Ucrânia à OTAN. Estávamos prontos para nos juntar ao grupo de países que garantiriam a segurança coletiva da Ucrânia", afirmou o chanceler, sublinhando: "Nada da OTAN. Nenhuma base militar, nenhum exercício militar em território ucraniano com a participação de tropas estrangeiras".

"Vladimir Putin disse que isso seria a partir de abril de 2022 e, desde então, o tempo passou", explicou o ministro russo, enfatizando que agora a realidade atual terá de ser levada em conta.

"Não podemos tolerar a continuidade da legislação ucraniana que proíbe o idioma russo, a imprensa russa, a cultura russa e a Igreja Ortodoxa Ucraniana. Isso é uma violação das obrigações da Ucrânia de acordo com a Carta das Nações Unidas. Algo deve ser feito a respeito", declarou.

 

O que está acontecendo na Síria?

 

O ministro das Relações Exteriores da Rússia lembrou que, para resolver a situação no país árabe, existe o formato de Astana com a participação da Rússia, Turquia e Irão. "Nós nos reunimos regularmente. Outra reunião está planeada para antes do final do ano ou no próximo ano para discutir a situação no local", disse ele.

"As regras do jogo consistem em ajudar os sírios a chegar a um acordo e evitar que as ameaças separatistas aumentem. Isso é o que os norte-americanos estão fazendo no leste da Síria ao 'alimentar' alguns separatistas curdos usando os lucros da venda de petróleo e grãos, recursos dos quais eles desfrutam", denunciou o chefe da diplomacia russa.

 

Ele disse que era necessário "debater a necessidade de retornar à implementação estrita dos acordos de Idlib, porque a zona de desescalada de Idlib foi o local de onde os terroristas partiram para tomar Aleppo".

 

O chanceler também observou que a rodovia M5, que liga Damasco a Aleppo, está agora "completamente tomada por terroristas".

Em outro momento, a Lavrov foi perguntado sobre quem estaria apoiando os grupos terroristas no país árabe:

"As informações de domínio público mencionam, entre outros, os norte-americanos, os britânicos e alguns outros. Alguns dizem que Israel tem interesse em piorar a situação para que a Faixa de Gaza não esteja tão bem vigiada. Esse é um jogo complexo. Envolve muitos atores", destacou, afirmando estar esperançoso de que "as reuniões planeadas para esta semana ajudarão a estabilizar a situação".

 

 

Crédito da foto: www.mid.ru

 

Fonte: https://rtbrasil.com/noticias/7849-destaques-entrevista-sergey-lavrov-tucker/

 

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