Offline
Putin diz que reunião com Trump no Alasca foi ‘oportuna e muito útil’
Presidente da Rússia detalhou que encontro realizado com mandatário dos EUA para debater guerra na Ucrânia deixa Moscovo 'mais perto de tomar decisões necessárias' para encerrar conflito
Publicado em 17/08/2025 09:00
Novidades

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou neste sábado (16/08) que o encontro no Alasca com o mandatário dos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir a guerra na Ucrânia foi “oportuno e muito útil”.

 

Durante uma reunião com os principais dirigentes de Moscovo, o chefe do Kremlin destacou que a conversa realizada na última sexta-feira (15/08) com o líder norte-americano em Anchorage deixou Moscovo “mais perto de tomar as decisões necessárias” para encerrar a guerra na Ucrânia.

Gostaria de ressaltar imediatamente que a visita foi oportuna e muito útil”, declarou Putin, acrescentando que ele e Trump discutiram “praticamente todos os temas da cooperação” durante o seu encontro na base militar de Elmendorf-Richardson.

Mas, claro, em primeiro lugar, conversamos sobre uma possível resolução da crise ucraniana em bases justas”, salientou sobre a conversa que durou praticamente três horas.

 

Segundo a imprensa norte-americana, o presidente russo descartou durante a reunião com Trump a hipótese de um cessar-fogo temporário e indicou que pretende trabalhar em um “acordo global” que ponha um fim definitivo à guerra.

 

Entre as exigências de Putin estão a retirada completa das forças ucranianas do Donbass, a região da bacia do rio Donets, que engloba as províncias de Donetsk e Lugansk, e congelar a situação nas províncias de Kherson e Zaporizhzhia, controladas parcialmente por Moscovo. Em troca, a Rússia não tentaria conquistar novos territórios na Ucrânia.

 

Além disso, o chefe do Kremlin quer que idioma russo seja reconhecido como uma das línguas oficiais da Ucrânia e cobrou garantias de segurança para as igrejas ortodoxas ligadas ao Patriarcado de Moscovo.

 

Em declaração à imprensa após as negociações, Putin afirmou que a resolução do conflito ucraniano era o principal tema da cúpula, mas também defendeu uma “virada de página” nas relações bilaterais e a retomada da cooperação entre a Rússia e os EUA, convidando Trump a visitar Moscovo. Trump, por sua vez, anunciou progresso nas negociações, mas observou que as partes não conseguiram chegar a um acordo sobre todos os aspectos.

 

A reunião entre Putin e Trump no Alasca não trouxe novidades concretas a respeito do fim da guerra russo-ucraniana, mas, segundo os dois líderes, pode abrir caminho para a paz. “Fizemos progressos e concordamos em muitos pontos”, destacou o presidente norte-americano em entrevista à Fox News, acrescentando que a bola agora está no campo “de Zelensky e dos europeus”.

Putin falou muito sinceramente do seu desejo de colocar fim à guerra na Ucrânia”, garantiu Trump, que ainda aconselhou o presidente ucraniano a “fazer um acordo”.

 

Reunião com Zelensky e pressão europeia

 

Após a Cúpula no Alasca, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou neste sábado (16/08) que irá a Washington na próxima segunda-feira (18/08) para se reunir com Donald Trump.

Encontrarei o presidente Trump em Washington na segunda-feira para discutir todos os detalhes relativos ao fim dos assassinatos e da guerra. Sou grato pelo convite”, escreveu o líder ucraniano na rede social X, após ter uma conversa telefónica entre os dois mandatários.

Apoiamos a proposta do presidente Trump para um encontro trilateral entre Ucrânia, Estados Unidos e Rússia. A Ucrânia ressalta que as questões cruciais podem ser discutidas em nível de líderes e que um formato trilateral é adaptado a esse objetivo”, acrescentou.

 

Na sua conta na rede social Truth, Trump afirmou que, se o encontro de segunda-feira tiver um desfecho positivo, será possível “marcar uma reunião com Putin”. “Potencialmente, milhões de vidas serão salvas”, assegurou o republicano.

 

Zelensky também elogiou os “sinais positivos” dos EUA a respeito de futuras garantias de segurança para a Ucrânia no caso de um cessar-fogo. No pronunciamento após o encontro com Putin, Trump disse que isso deve acontecer fora do guarda-chuva da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e com a liderança da Europa.

 

O anúncio do encontro ocorre na esteira de uma declaração conjunta dos líderes europeis, na qual que elogiam os esforços de Trump pelo fim da guerra na Ucrânia, mas cobram a inclusão de Kiev no diálogo com Putin.

Os líderes dão as boas-vindas aos esforços do presidente Trump para parar os assassinatos na Ucrânia, colocar fim à guerra de agressão da Rússia e alcançar uma paz justa e duradoura. O passo seguinte deve ser um novo diálogo com o presidente Zelensky. Estamos prontos a colaborar com o presidente Trump e o presidente Zelensky para uma cúpula trilateral com apoio europeu”, afirmaram.

 

A declaração é assinada pelos presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do Conselho Europeu, António Costa, da França, Emmanuel Macron, e da Finlândia, Alexander Stubb, pelo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, e pelos premiês da Itália, Giorgia Meloni, do Reino Unido, Keir Starmer, e da Polônia, Donald Tusk.

Estamos convencidos de que a Ucrânia deve dispor de garantias de segurança sólidas para defender efetivamente a sua soberania e integridade territorial. Saudamos a declaração do Presidente Trump de que os Estados Unidos estão prontos para fornecer garantias de segurança”, ressaltaram os líderes, acrescentando que a chamada “Coalizão dos Dispostos” está pronta a “desempenhar um papel ativo”.

 

Esse grupo é formado por países europeus dispostos a fornecer garantias de segurança a Kiev no caso de um eventual cessar-fogo e fará uma reunião por videoconferência no próximo domingo (17/08), segundo o governo da França, que lidera a iniciativa ao lado do Reino Unido.

 

A declaração conjunta também ressaltou que um acordo de paz não pode impor limitações às forças armadas ucranianas e à cooperação com outros países nem vetar uma eventual entrada de Kiev na União Europeia e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

 

Putin, no entanto, já deixou claro que não aceitará uma adesão da Ucrânia à Otan. Os europeus também afirmaram que caberá à Ucrânia “tomar decisões sobre o próprio território” e que “fronteiras internacionais não devem ser modificadas por meio da força”.

 

Além disso, prometeram manter a pressão sobre a Rússia, inclusive por meio de novas sanções, até que se alcance uma “paz justa e duradoura”.

 

(*) Com Ansa e informações da TASS

 

Fonte: https://operamundi.uol.com.br/guerra-na-ucrania/putin-diz-que-reuniao-com-trump-no-alasca-foi-oportuna-e-muito-util/

Comentários