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Governo de Guiné-Bissau expulsa imprensa portuguesa do país
Em meio ao caos institucional, profissionais da RTP África, RDP África e Agência Lusa precisam deixar país até o dia 19
Publicado em 16/08/2025 15:08
Novidades

 

O governo de Guiné-Bissau encerrou de forma imediata os trabalhos da imprensa portuguesa no país, com efeitos a partir desta sexta-feira (15/08).

 

Os correspondentes das emissoras RTP África, RDP África e da Agência Lusa precisam abandonar o país até a próxima terça-feira, dia 19, em medida considerada “abrupta, injustificada e de gravidade extrema”, segundo a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH).

 

As direções de informação da RTP, Lusa e RDP divulgaram nota conjunta afirmando que a medida configura um ataque deliberado à liberdade de expressão, discriminatória e contrária aos princípios fundamentais da atividade jornalística e da democracia.

 

Não foram apresentadas justificativas oficiais pelo governo da Guiné-Bissau para a expulsão dos jornalistas.

 

Em comunicado, a LGDH afirma que o ato do governo “é o culminar de um longo processo de ataques hostis contra órgãos de comunicação social com linha editorial independente, tanto portugueses como nacionais”.

 

Além de representar um passo “sombrio e vergonhoso”, a instituição afirma que a expulsão dos jornalistas revela a “natureza opressiva e autoritária do poder instalado” para silenciar a imprensa livre e “esmagar, com mão pesada, a voz crítica e o olhar vigilante que sustentam uma sociedade democrática”.

 

Crise institucional

 

A Guiné-Bissau vive um momento de grande instabilidade política. Em agosto de 2025, o presidente Umaro Sissoco Embaló nomeou um novo governo de iniciativa presidencial, aumentando o número de ministérios para 26 e nomeando Braima Camará como primeiro-ministro.

 

O principal objetivo comunicado do novo executivo é preparar as próximas eleições gerais, previstas para 23 de novembro de 2025. No entanto, a iniciativa é alvo de severas críticas internas.

 

Juristas e políticos locais acusam a formação do novo governo de ser inconstitucional, pois a Constituição não prevê governos formados por iniciativa presidencial, e sim pelo partido ou coligação maioritária na Assembleia Nacional.

 

Além disso, existe o temor de que o presidente tente se perpetuar no poder, visto que a substituição do governo ocorre a poucos meses do término do seu mandato regular.

 

Figuras como o ex-primeiro-ministro Rui Duarte Barros alegam que 99% dos preparativos eleitorais já estavam concluídos antes da troca do executivo, questionando o real motivo da medida.

 

O presidente Embaló anunciou que será candidato independente à reeleição, dizendo-se aberto ao apoio de partidos, associações e líderes religiosos, enquanto setores da oposição e sociedade levantam dúvidas sobre a lisura e o respeito ao calendário eleitoral.

 

 

 

Fonte: https://jornalggn.com.br/internacional/governo-de-guine-bissau-expulsa-imprensa-portuguesa-do-pais/

 

 

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