As oposições venezuelanas não contestaram os resultados eleitorais que deram ontem uma contundente vitória nas eleições autárquicas aos candidatos do Gran Polo Patriótico Simón Bolívar (GPPSB), que inclui o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) no poder, e que ganhou em 23 capitais, aumentando o número de municípios que controlava de 212 para 285, dos 315 em disputa. O Presidente da República,Nicolás Maduro saudou os manifestantes que celebravam o resultado, em Caracas, passava já da meia-noite.
As matérias de dois importantes jornais (Correo del Orinoco, ligado ao governo venezuelano e de El Nacional, vinculado à da oposição de direita e extrema-direita de María Corina Machado, até aqui apoiada pelos EUA, pela União Europeia e pela Argentina de Miley, reconheciam a vitória do “Oficialismo” nos principais municípios e registava que candidatos de diferentes oposições que participaram no acto eleitoral conservavam várias câmaras municipais, designadamente no distrito da capital.
Corina apelara à não participação, exortação que não foi seguida por numerosos candidatos de forças da oposição, dos 53 partidos políticos existentes na Venezuela, um país com mais de 30 milhões de habitantes e dez vzes o tamanho de Portugal. Inclusivamente, Henrique Capriles um dirigente oposicionista até recentemente ligado a Maria Corina participou nas eleições e, a par de outros candidatos de forças de oposição, defendeu, na televisão pública e noutras estações televisivas que só pelo voto poderá mudar-se o governo do país.
As eleições foram seguidas por várias dezenas de Observadores internacionais e por centenas de outros convidados para assistirem ao ato eleitoral que não mereceu reparos de qualquer um deles.
Pessoalmente pude observar várias secções de voto na Escuela Ecológica Nacional Simón Rodríguez, instalada na área de um complexo militar residencial onde habitam funcionários governamentais, Forte Tiuna, em Caracas e onde votaram diversos dignitários como o presidente da Assembleia Nacional (Parlamento), Jorge Rodríguez. Seguidos pelas comitivas de jornalistas, candidatos e eleitores votaram com toda a normalidade, não se verificando qualquer “anomalia” em todo o país.
O sistema de voto na Venezuela é, de longe, mais seguro que o português. Depois da identificação, o eleitor passa à cabine de voto eletrónico, onde escolhe o seu candidato. O voto é transmitido informativamente e o eleitor recebe uma impressão física que dobra e introduz na urna. Em seguida assina o caderno eleitoral, juntando a sua impressão digital. O número de votos apurados eletronicamente e o número de boletins inseridos nas urnas não pode, assim, ser diferente. O sistema de dupla verificação da identidade (assinatura e impressão digital) no caderno eleitoral também não tem maneira de ser falsificado.
O forte dispositivo militar e policial que rodeou o ato eleitoral e que pôde ser observado garantiu não apenas a segurança dos eleitores e a tranquilidade nas mesas de voto, como a segurança do transporte das urnas e dos votos nelas depositados para as sedes regionais e nacional da Comissão Nacional de Eleições que, pouco depois das 23 horas (hora local) anunciava uma participação de 44 por cento dos eleitores recenseados.
Precisamente no dia de hoje passa um ano sobre a eleição presidencial de Hicolás Maduro, então contestada violentamente por grupos de choque ligados a Corina Machado e que originou em pouco mais de um dia de violência, 28 mortos, entre os quais dois jovens soldados da Guarda Nacional bolivariana queimados vivos. Ao longo deste ano, têm vindo a ser libertadas centenas dos mais de um milhar de detidos nos dias que ditaram o fim aparente da oposição pró-americana, de Corina Machado. Há poucos dias a Venezuela negociou com a administração Trump a libertação de 252 jovens expulsos dos EUA e recluídos no campo de concentração arrendado por Washington ao governo de El Salvador, depois de quatro meses de detenção ilegal, acompanhado de um regime carcerário de tortura quotidiana. Ao mesmo tempo, Trump levantou a interdição de operação na Venezuela da multinacional Chevron, que para além de um incremento na atividade petrolífera venezuelana, indica o abandono da oposição extremista de Corina Machado por parte dos Estados Unidos.
Hoje, dia 28 de Julho, estão marcadas manifestações por toda a Venezuela para celebração da reeleição de Nicolás Maduro que declarou que o país “entrou numa nova fase do seu desenvolvimento”, tendo hoje em dia a maior taxa de crescimento económico de toda a América Latina, fenómeno bem visível para qualquer visitante que tenha percorrido Caracas, não mais do que apenas no último ano, algo que por experiência pessoal posso atestar.