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ISRAEL - Quando o sionismo nazista permanece
Por Administrador
Publicado em 08/07/2025 10:29
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As palavras do ministro israelita Itamar Ben-Gvir, sugerindo a deportação em massa dos palestinianos de Gaza, não são um mero desvario de um político radical. Elas traduzem, com crueza, aquilo que há décadas se ensaia nos bastidores do poder israelita: um projeto de limpeza étnica, camuflado de “segurança nacional”. O escândalo não é tanto o que foi dito - pois já se sabia - mas a naturalidade com que tais ideias hoje circulam no discurso oficial, sem o menor receio de condenação internacional séria.

O mais notável, neste episódio, é como ele desmascara de forma cristalina a hipocrisia estrutural que rege o sistema internacional. Israel atua, há décadas, acima de qualquer lei. Desobedece resoluções da ONU, ignora decisões do Tribunal de Haia, recusa tratados internacionais - e nada acontece. Pelo contrário, recebe milhares de milhões de dólares anuais em apoio militar dos EUA e, frequentemente, a conivência silenciosa da Europa.

Fosse outro o país a sugerir a deportação de milhões de civis, já teria sido submetido a sanções devastadoras, a bloqueios e possivelmente a bombardeamentos sob a bandeira da “intervenção humanitária”. Mas Israel, protegido pelo seu escudo nuclear informal e pela teia de interesses geoestratégicos, segue impune.

O que se desenha agora é um jogo delicado, entre guerra e diplomacia, onde o sofrimento humano é moeda de troca. Com o cessar-fogo em cima da mesa, os EUA tentam acalmar a tempestade, propondo uma trégua de 60 dias, enquanto pressionam Israel a suavizar o massacre em Gaza - não por compaixão, mas para evitar que o Irão e outros atores hostis se fortaleçam ainda mais.

Israel, por sua vez, tenta capitalizar essa pausa, não apenas para reconfigurar as suas posições militares, mas para redesenhar a própria geografia de Gaza, criando “zonas de segurança”, restringindo acessos e, possivelmente, gerando deslocamentos forçados - um plano que já ronda a política israelita há décadas.

No fundo, Gaza tornou-se o espelho partido da ordem mundial. Um palco onde a brutalidade mais crua, o cinismo diplomático e a indiferença internacional se interligam. Um lugar onde o destino de milhões de pessoas é decidido à mesa por homens que não escondem que a geopolítica sempre valeu mais que o direito ou a dignidade.

Este conflito não é apenas entre Israel e Palestina. É um teste à integridade moral do Ocidente, aos limites do sistema internacional e à nossa própria capacidade de reconhecer o valor igual da vida humana, onde quer que ela esteja.

No entanto, não nos iludamos: as guerras não terminam porque a razão prevaleceu. Elas pausam quando todos os lados têm algo a ganhar com o silêncio das armas.

E, neste jogo, a Palestina continua a ser a peça mais descartável do tabuleiro.

 

Autor: João Gomes  In Facebook

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