A Confederação Norueguesa de Sindicatos (LO), a maior federação sindical do país, votou a favor de um boicote total a Israel. A decisão inclui a proibição total do comércio e do investimento com empresas israelitas.

Os delegados da LO aprovaram a moção por uma esmagadora maioria de 88% no congresso do sindicato em Oslo, a 8 e 9 de maio.

O boicote afectará as instituições culturais, desportivas e académicas ligadas a Israel. O LO avisou também que, se a ocupação israelita não terminar até setembro deste ano, como exigido pela Assembleia Geral das Nações Unidas, a Noruega será forçada a um boicote económico global.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros norueguês, Espen Barth Eide, não concorda com uma iniciativa unilateral. “Avisei contra um boicote unilateral por parte da Noruega”, afirmou. “A Noruega não tem uma tradição de atuar sozinha. Uma iniciativa isolada poderia fazer mais mal do que bem”.

Reconheceu, no entanto, que a decisão da LO reflecte o apoio crescente às sanções internacionais. “Essas medidas devem ser tomadas através da ONU e da União Europeia”, afirmou. Barth Eide sublinhou igualmente que o governo não intervirá em instituições independentes. “Não cabe ao governo decidir em que devem acreditar as instituições académicas ou culturais livres”, afirmou.

O novo presidente do LO, Kine Asper Vistnes, disse que o sindicato vai agora começar a planear a forma de aplicar a decisão de boicote. “Vamos reunir-nos e discutir a forma de implementar todas as resoluções do congresso”, disse Vistnes. “Ainda é muito cedo para fazer um plano detalhado, mas vamos levá-lo a cabo.”

A líder do Partido Socialista de Esquerda (SV), Kirsti Bergstø, considerou a votação um “mandato histórico” para o governo (1). Kirsti Bergstø exortou o governo a retirar o Fundo Petrolífero de todos os investimentos ligados a Israel e a proibir o comércio com empresas que apoiam os crimes de Israel. “O LO compreendeu a gravidade do momento”, disse. “As bases resistiram à pressão e mostraram uma verdadeira solidariedade com o povo palestiniano.”

O secretário-geral da Federação Geral dos Sindicatos da Palestina (PGFTU), Shaher Saad, saudou esta decisão durante a sua visita ao Congresso. Ele pediu à Noruega que pare de usar seu fundo de petróleo para apoiar a ocupação israelense e os assentamentos. Saad sublinhou a importância da ação dos movimentos sindicais internacionais.

O partido vermelho (Rødt) também considerou a votação histórica e instou o governo a atuar rapidamente (2). O líder do Rødt, Bjørnar Moxnes, disse que o seu partido vai agora apresentar novas propostas para retirar os investimentos do Fundo Petrolífero de Israel, proibir legalmente as actividades comerciais relacionadas com os colonatos israelitas e impor um embargo geral de armas a Israel.

Rødt já apresentou uma proposta para acabar com as vendas de armas norueguesas a Israel. Esta proposta apoia o pedido da LO de declarações normalizadas para os utilizadores finais.

Em 4 de junho, o Parlamento norueguês votará o mandato do Fundo Petrolífero. Rødt tenciona apresentar propostas que reflictam a resolução da LO.

A resolução sobre o boicote foi adoptada por uma maioria esmagadora. Apenas 60 delegados, num universo de mais de 300, votaram contra.

O SV já apresentou uma proposta semelhante ao Parlamento. Bergstø insta agora o Partido Trabalhista a apoiar tanto a iniciativa do sindicato como a do seu partido. A questão que se coloca é se o Partido Trabalhista vai ficar do lado do LO ou se vai alinhar com os partidos da reação.

(1) O SV ou Partido da Esquerda Socialista surgiu em 1975 de uma cisão no Partido Trabalhista.

(2) O partido Rødt, cujo nome completo é Partido Comunista de Esquerda Rødt, foi fundado em 2007 como uma fusão de dois partidos mais pequenos: o Partido Comunista dos Trabalhadores (AKP) e o Rødt Valgallianse (RVA, Aliança Eleitoral Vermelha), que por sua vez era uma coligação de grupos comunistas, como o Marxistisk-Leninistisk Gruppe (MLG) e outros movimentos políticos e sociais.

Crédito da foto: mpr21.info

Fonte: https://mpr21.info/el-mayor-sindicato-de-noruega-vota-a-favor-del-boicot-a-israel-y-exige-sanciones-economicas/