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Cúpula da CELAC nas Honduras: A América Latina está unida em meio à ascensão de Trump?
Por Administrador
Publicado em 09/04/2025 08:22
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O início vertiginoso do segundo governo do presidente dos EUA, Donald Trump, gerou uma sensação de instabilidade que transcende a esfera puramente econômica e interfere em todas as relações sociais e comerciais ao redor do mundo.

A América Latina, em particular, historicamente tem estado intimamente ligada aos ditames dos EUA, então, nesta nova era, provavelmente enfrentará situações difíceis que também trarão enormes oportunidades.

Não são apenas as tarifas recentes que afetarão nossa região. As deportações em massa e o tom belicoso com que o presidente dos EUA abordou questões como o Canal do Panamá e a fronteira com o México sugerem um período em que se pode esperar relações tempestuosas com Washington.

Este é o panorama que cerca esta IX Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que começa hoje, e que reacendeu o interesse de vários governos latino-americanos em relançar este mecanismo, que estava bastante contido, ao contrário dos primeiros cinco anos após sua formação em 2010. Com apenas três meses de gestão do novo inquilino da Casa Branca, a CELAC volta a ser apontada como uma opção necessária, aumentando assim a participação de líderes regionais.

Com 11 líderes confirmados, as expectativas estão aumentando em comparação a outras cúpulas semelhantes. Claudia Sheinbaum (México) estará presente; Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil); Gustavo Petro (Colômbia); Luis Arce (Bolívia); Bernardo Arévalo (Guatemala); Miguel Díaz-Canel (Cuba); Yamandú Orsi (Uruguai); Primeiros-ministros Ralph Gonsalves (São Vicente e Granadinas) e Mark Phillips (Guiana); e a anfitriã Xiomara Castro (Honduras).

Este encontro representa um esforço para revitalizar a CELAC, que perdeu influência durante o ciclo de governos de direita na região. Entretanto, o atual ciclo progressivo não trouxe consigo, ao contrário do primeiro, uma política flexível de coesão regional nem uma tentativa de desenvolver instituições existentes, como a CELAC ou a UNASUL. Mesmo os blocos mais azeitados, como o Mercosul , também sofreram processos de fragmentação interna.

Houve uma perda de interesse nos mecanismos de integração regional nos últimos anos, e cada país buscou seus próprios meios de sobrevivência. Por exemplo, na última Cúpula Ibero-Americana, realizada em novembro de 2024, apenas o anfitrião, o presidente equatoriano Daniel Noboa, compareceu, o que poderia ter sido interpretado como uma afronta ao presidente português Marcelo Rebelo e ao rei espanhol Felipe VI, que estavam em Cuenca na época.

A alta participação na reunião, que termina na quarta-feira, também contrasta com uma reunião urgente convocada pela CELAC sobre o tema da migração em janeiro de 2025, que posteriormente não ocorreu, devido, entre outros motivos, à falta de consenso.

Mas o tempo voa e surgem problemas comuns que obrigam os líderes a se sentarem novamente.

Outro Trump? Outra América Latina?

O primeiro governo Trump impulsionou uma onda de governos de direita na América Latina, e ainda não se sabe como esse segundo governo afetará o cenário geopolítico da região.

A verdade é que uma série de revoltas sociais em vários países, como Chile, Colômbia, Equador, Bolívia, Porto Rico e Haiti, e as derrotas eleitorais da direita no Brasil, Colômbia, Chile e outros, contiveram a ascensão do trumpismo desatado no continente, cuja maior conquista organizacional foi o extinto Grupo de Lima.

 

 

Autor: Ociel Alí López

 

Fonte: RT



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