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Não é por acaso que Trump quer apoderar-se da Gronelândia
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Publicado em 07/01/2025

O Ártico é um oceano com cerca de 14 milhões de quilómetros quadrados, com reservas significativas de hidrocarbonetos, metais preciosos e terras raras. As potências do Ártico, como a Rússia, a Dinamarca e o Canadá, têm diferentes reivindicações territoriais sobre o fundo marinho. O artigo 76º da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar permite que os Estados costeiros alarguem a sua plataforma continental, mas as suas reivindicações sobrepõem-se.


No entanto, o mais importante no Ártico não são os seus recursos, mas sim o seu carácter estratégico. Estamos habituados a olhar para o planeta a partir do equador, mas se o olharmos “de cima”, colocando o Pólo Norte no centro, a perspetiva da geografia terrestre permite considerações muito diferentes.

Para além de estreitos marítimos como o Panamá, o Suez ou Malaca, o Ártico é uma rota marítima cada vez mais importante, sobretudo se tivermos em conta a presença da Gronelândia, a maior ilha do mundo, que se encontra a meio caminho entre o Atlântico e o Pacífico. Cerca de 80 por cento da superfície da ilha está coberta por um manto de gelo, que só fica atrás da Antárctida, com uma espessura de mais de 3.000 metros.

 

Isto explica o interesse crescente dos Estados Unidos pelo Ártico e pela Gronelândia. A superfície da ilha corresponde a 22% do território dos Estados Unidos, ou à soma da Itália, França, Espanha, Alemanha, Polónia e Reino Unido juntos, com apenas 60.000 habitantes. Faz parte da Dinamarca, mas tem amplos poderes autónomos.


Tem também recursos importantes: 13% dos recursos mundiais de petróleo, 30% dos recursos mundiais de gás e enormes minas de urânio. Se a Dinamarca for autorizada a explorar os recursos da ilha, assumirá um papel de liderança no mercado nuclear. O subsolo revela a presença de outros tesouros que seduzem os gigantes das indústrias estratégicas: ouro, rubis, diamantes, zinco, ferro, cobre, terras raras... O espólio ascende a 400 mil milhões de dólares, o PIB de um ano para a Dinamarca.


Para os Estados Unidos, no entanto, o maior interesse da Gronelândia é estratégico. É por isso que tem várias bases militares não declaradas, com exceção da conhecida Pituffik, que é o centro da rede de proteção espacial NORAD.


Os Estados Unidos consideram-se um país polar apenas em parte, graças ao Alasca. Se ficassem com a Gronelândia, o seu peso no Conselho do Ártico seria muito maior. Criado em 1996, o Conselho inclui atualmente a Rússia, o Canadá, a Dinamarca, a Finlândia, a Islândia, a Noruega, a Suécia e os Estados Unidos. Com exceção da Rússia, todos são membros da NATO.

 

A recente adesão da Suécia e da Finlândia à Aliança foi um passo fundamental para garantir a superioridade estratégica da NATO no Ártico e cercar as bases navais russas mais importantes da região, como a de Murmansk, situada na Península de Kola.


A região do Ártico é uma das mais nuclearizadas do mundo. A maior parte dos bombardeiros estratégicos, das armas nucleares e das instalações militares está localizada na Península de Kola, que está ligada a Moscovo por uma única via férrea e uma estrada paralela que atravessa mais de 700 quilómetros de floresta, muito perto da fronteira finlandesa, ou seja, ao alcance da artilharia da NATO.


Trata-se de um corredor muito longo e difícil de defender. No caso de um bloqueio, tornar-se-ia um ponto de estrangulamento para a instalação de armas nucleares russas.


A Rússia tem sido marginalizada no Conselho do Ártico, que em 2023 lhe negou a presidência rotativa quando esta era devida. Os projectos conjuntos foram suspensos e o Kremlin declarou que considera ilegítimas as decisões tomadas sem a sua participação, ameaçando abandonar o organismo.


Trump relançou recentemente a ideia de comprar a Gronelândia, um objetivo que os americanos perseguem desde 1867 e que o próprio Trump colocou em cima da mesa durante a sua primeira presidência. O domínio da Gronelândia retiraria a Dinamarca do Ártico.

 

É uma reivindicação a ser colocada em relação ao Panamá, sobre o qual Trump também reiterou o seu desejo de anexação. O objetivo é fechar o estreito aos navios russos e chineses.

 



Crédito da foto: mpr21.info

 

https://mpr21.info/no-es-casualidad-que-trump-quiera-apoderarse-de-groenlandia/

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