A queda da Síria e a vitória aparente do Ocidente em derrubar Bashar al-Assad e seu governo em apenas 11 dias inundam a imprensa de propaganda e os papagaios das redes sociais sobre como "este feito magnífico" foi possível.
É sempre bom lembrar que uma “Vitória de Pirro” significa vencer a alto custo, com efeitos prejudiciais para o vencedor, tornando a sua comemoração efémera e desprovida de sentido, considerando os prejuízos irreparáveis causados. Esta expressão dá-nos conta de que nem sempre a vitória pertence ao vencedor.
A resistência síria ao ataque do HTS era esperada e as forças defensoras superavam em número os atacantes, o que torna a falta de resistência ainda mais reveladora.
O contexto geopolítico mais amplo envolvendo Rússia, Irã, Arábia Saudita e Turquia também é crucial para entender a real situação na Síria.
A queda de Assad, provocada por grupos terroristas como o HTS, também é uma interrogação sobre o futuro do país, particularmente em relação às minorias religiosas que temem a perseguição sob o novo governo.
As ações e estratégias do Ocidente, historicamente focadas em neutralizar a Rússia e outras potências eurasiáticas, também merecem atenção, pois a geopolítica desempenhou um papel significativo nos eventos recentes na Síria. Quem foi mais inteligente?
Nos últimos anos, os Estados Unidos e seus aliados ocidentais têm se envolvido em diversos conflitos ao redor do mundo, buscando afirmar sua hegemonia a pretexto de "espalhar a democracia".
No entanto, a estratégia de curto prazo adotada por essas potências tem levado a consequências desastrosas, com a transformação de inimigos em aliados e vice-versa.
As intervenções no Afeganistão, Iraque, Líbia e Ucrânia resultaram em desfechos negativos, com a ascensão de novos regimes controversos e a perda de controle por parte do Ocidente.
Apesar de triunfos temporários, como a captura de líderes autoritários e a deposição de governos desonestos, o longo prazo revelou-se desastroso e, numa análise fria, completamente equivocado.
A ideia de um momento unipolar liderado pelo Ocidente, com sua doutrina de domínio total, mostrou-se falha ao longo dos anos. Os últimos três anos, com a guerra na Ucrânia, aceleraram o processo de decadência da unipolaridade.
Mesmo com toda a sofisticação estratégica e o uso de táticas sujas, as potências ocidentais perderam sua posição de superioridade e precisaram recorrer a métodos questionáveis para manter-se relevantes. Romênia e Geórgia são os dois exemplos mais recentes.
Quando falamos sobre guerras, a dependência de nazistas na Ucrânia e de terroristas como parceiros, aliada à falta de consideração pelas consequências inadvertidas de suas ações, colocaram em xeque a liderança do Ocidente, especialmente dos EUA.
Apesar dos discursos inflamados e dos aplausos por falsas vitórias, a realidade é que o saldo dessas intervenções é negativo, com derramamento de sangue e instabilidade em diversas regiões do mundo, mas sem resultados de domínio.
É importante estar atento aos prazos médio e longo, pois não se deixar levar por vitórias de curto prazo que mascaram problemas graves será o melhor alicerce para quem quer analisar ou compreender o que está acontecendo hoje.
A busca por hegemonia e poder a todo custo pode trazer consequências desastrosas e perpetuar um ciclo de violência e instabilidade global. Além disso, as economias debilitadas dos países ocidentais flertam com a quebradeira generalizada.
Os EUA e seus seguidores deveriam repensar as estratégias adotadas e buscar soluções menos desafiadoras e até cooperativas para os desafios que se apresentam no cenário internacional.
A Síria é o Marea Turbo que Rússia e Irã passaram, de graça, para EUA, Turquia e Israel. Quem canta vitória hoje, certamente irá se arrepender muito em breve.
Autor: Wellington Calasans
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