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Trump começa a delinear sua abordagem para a América Latina
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Publicado em 27/11/2024

 

Em 25 de novembro, o presidente eleito Donald Trump anunciou que os Estados Unidos imporão tarifas ao México, Canadá e China até que a “invasão” de drogas e de “imigrantes ilegais” seja interrompida.

Esta tarifa permanecerá em vigor até que as drogas, especialmente o fentanil, e todos os migrantes ilegais parem esta invasão do nosso país”, escreveu Trump via Truth Social.

Ele disse que a partir de 20 de janeiro de 2025 imporá uma tarifa de 25% sobre todas as exportações do México e do Canadá e de 10% sobre as da China, caso suas exigências não sejam atendidas.

Esta notícia destaca as principais áreas da dinâmica que poderão moldar a relação entre o republicano e a América Latina durante o seu segundo mandato: comércio, migração e segurança.

Considerando a influência significativa que os Estados Unidos exercem sobre a América Latina, é essencial examinar as implicações que esta primeira delimitação de prioridades teria para a região menos de um mês antes de Trump assumir oficialmente a Casa Branca.

Neste sentido, “o México está no epicentro das políticas de Trump”, afirma a acadêmica Lisdey Espinoza num artigo publicado na Modern Diplomacy, sendo o comércio e a migração as questões fundamentais.

A autora observa que a migração tem sido uma fonte de discórdia, especialmente com as medidas anteriores de Trump, como o Título 42 e a política “Permanecer no México”, que forçaram o país vizinho a agir como uma “zona tampão”.

Na esfera econômica, Espinoza explica que o Tratado entre o México, os Estados Unidos e o Canadá (T-MEC) é crucial para o primeiro, embora o protecionismo de Trump levante preocupações sobre futuras renegociações. A dependência do México dos EUA para 80% das suas exportações destaca a necessidade de diversificar as suas relações comerciais com a Europa e a Ásia, afirma ele.

Em termos de segurança, a retórica de Donald Trump contra o crime e o tráfico de drogas durante a sua campanha eleitoral faz lembrar a estratégia agressiva que implementou no seu primeiro mandato. Nessa ocasião, foi realizada uma campanha de “pressão máxima” contra governos da região considerada “hostil”, especialmente na Venezuela, Cuba e Nicarágua, utilizando estes pretextos para atacá-los à força.

A equipe que está sendo formada para a nova administração Trump apresenta figuras que, no seu governo anterior, promoveram medidas sancionatórias e agendas de confronto contra estes países, particularmente contra a Venezuela.

Também exerceram pressão durante a administração Biden para que se adotasse uma política mais agressiva na região. Casos como o de Marco Rubio, que será o novo secretário de Estado, e de Mike Waltz, que ocupará o cargo de Conselheiro de Segurança Nacional, são os mais relevantes na configuração da equipe de alto nível do magnata norte-americano.

A recente aprovação da Lei BOLIVAR na Câmara dos Deputados ilustra como já estão sendo configuradas ferramentas que permitirão a Washington ajustar as sanções de forma discricionária, alinhando-as com os seus interesses estratégicos e necessidades geopolíticas.

Embora ainda seja prematuro prever a intensidade de potenciais ações coercivas, nomeadamente no setor petrolífero, a possibilidade de uma escalada, apoiada numa estratégia semelhante à promovida com o “projeto Guaidó” em 2019, é colocada no radar prioritário do setor extremista da oposição venezuelana, representado por María Corina Machado e Edmundo González Urrutia.

A expectativa triunfalista também cresce entre setores da extrema direita na região, que esperam um forte apoio da administração Trump a nível econômico. Um exemplo notável desta dinâmica é visto na Argentina sob o governo de Javier Milei, o primeiro governante estrangeiro a viajar para a Florida para se encontrar com o magnata na sua residência em Mar-a-Lago.

No entanto, estas antecipações também podem ser exageradas. Esperava-se uma maior influência econômica na região por parte do primeiro governo Trump que deslocaria os investimentos chineses, mas isso “não se concretizou ou os seus resultados foram muito limitados”, afirma o jornalista argentino Germán Mangione, diretor do Observatório de Atividades Capitais Chinesas na Argentina e América Latina, em artigo publicado na Sputnik.

Em vez disso, afirma que Washington “vai concentrar-se na redução dos défices comerciais que tem”, o que poderia prejudicar os exportadores argentinos e brasileiros que enfrentam concorrência direta com produtos norte-americanos.

A rivalidade geopolítica e geoeconômica com Pequim sugere que a administração Trump poderia novamente tentar pressionar os países latino-americanos a adotarem uma postura definida entre alinhamento ou confronto. Segundo Mangione, o Brasil é um dos países que poderá ser mais afetado.

A Casa Branca de Trump buscará ‘colocar maior pressão sobre o Brasil para limitar sua parceria com o China’, algo que, talvez, possa repercutir também no Mercosul”, diz o texto.

Esta abordagem poderia, paradoxalmente, ter o efeito oposto. Um análise em Política Externa de Oliver Stuenkel, professor associado da Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, Brasil, alerta que um retorno à retórica da Doutrina Monroe poderia resultar em maior aproximação com a China.

Quanto mais agressiva for a estratégia de Trump em relação à América Latina, mais rapidamente se poderá esperar que os governos se oponham a Washington, promovendo laços mais estreitos com Pequim”, observa.

O país asiático vem consolidando posição relevante nas economias sul-americanas, bem como entre parceiros comerciais próximos dos Estados Unidos, como o México. De acordo com um artigo do Global Times, nos primeiros dez meses deste ano “o comércio bilateral cresceu 11,7% em termos anuais, atingindo 652,82 bilhões de yuans (90,13 bilhões de dólares)”.

Diante de um cenário em que Washington busca restringir as relações comerciais da região com atores que, por sua vez, oferecem parcerias estratégicas mutuamente benéficas, a América Latina deveria responder a esta situação procurando equilibrar a pressão, fortalecendo mecanismos e plataformas de cooperação com aqueles que, como Pequim, apoiam o paradigma da autonomia estratégica regional.





Fonte: https://misionverdad.com/globalistan/trump-comienza-delinear-su-enfoque-hacia-america-latina

 

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