Decorreu ontem, quarta-feira, no Teatro Teresa Carreño, em Caracas, Venezuela, a conferência intitulada “Vozes do Novo Mundo”, que contou com a presença de mais de 150 jornalistas e influenciadores de cerca de 50 países.
O evento teve início às 09h30 da manhã com uma intervenção da organização sobre o genocídio em Gaza, seguida de um minuto de silêncio em memória das vítimas da barbárie sionista.
Presentes na parte inicial da conferência, Ivan Gil, chanceler da República Bolivariana da Venezuela e Freddy Ñañez, Vice-Presidente da organização de Comunicação, Cultura e Turismo do estado bolivariano, tomaram a palavra para enunciarem os desafios da comunicação do Sul Global na actualidade, bem como temas ligados à censura mediática praticada no Ocidente em contraposição à apregoada liberdade de expressão.
No espaço de tempo que se seguiu tomaram a palavra os seguintes jornalistas: Daria Yuryeva, da Sputnik, da Rússia, Pascual Serrano, de Espanha, Christopher Helali, dos Estados Unidos e Mikhail Zvinchuk, da Rússia, que abordaram o tema “Jornalismo de pé em frente à ditadura do algoritmo”.
Seguidamente, em representação do Médio Oriente, falaram Mohammad Faraj, representante do “Al Mayadeen”, do Líbano, Hussam Zeidan, da Palestina e Vahidi Mohammadreza, da Televisão do Irão, que abordaram o tema “Meios e Comunicadores: Objectivo Militar”.
NO painel seguinte, intitulado “Mãe África. Visão Própria e Descolonial”, intervieram Amr Eldiib, do Egipto, Shadrak(Ayanda) Hollow, as África do Sul, Peter Denk, da Namíbia e Hassane Diombele, do Mali.
O último painel de jornalistas a intervir foi o da América Latina e do Caribe, sob o tema “A Verdade que não espera”, tendo falado Meme Yamel, do México, Gustavo Villapol, da Venezuela e Alexandre Barbosa, do Brasil.
Participaram ainda neste evento por videoconferência, Maria Zakharova, Directora de Informação e Imprensa do Ministério de Relações Exteriores da Rússia e Jiang Yan, Director da agência chinesa de notícias Xinhua.
A nota dominante dos discursos foi a condenação da política imperialista dos EUA e dos seus aliados no âmbito da informação e da contra-informação, com a produção constante de notícias falsas com as quais intoxicam os povos.
Outra questão também abrangente foi a interferência das Fake News ocidentais na parte cognitiva da sociedade.
Foi salientada a importância de todos os jornalistas que não se revêm na política do império trabalharem para furarem a bolha dos algoritmos e promoverem a difusão da verdade para todo o Sul Global. Para isso, cada um tem que ter consciência do seu papel na sociedade e estar disposto a travar essa batalha destacada como essencial para a formação do novo mundo multicêntrico.
Notas especiais dos trabalhos decorridos até este momento foram para o jornalista Hussam Zeidan, da Palestina, recebido em pé por todos os presentes que entoavam palavras de ordem de apoio ao heróico Povo da Palestina ocupada. Foi em ambiente de grande emoção que Zeidan abordou o genocídio e o infanticídio que está a ser praticado pelo regime sionista em Gaza. A jornalista iraniana Vahidi Mohammadreza, da Televisão do seu país, que recentemente viu ser bombardeadas as instalações da Televisão iraniana enquanto apresentava um serviço de notícias foi recebida com igual emoção. Vahidi deu conta de que esse covarde ataque sionista provocou mortos e feridos entre os seus colegas e de que, por dever de patriotismo, logo que possível, voltou a difundir notícias para manter o Povo iraniano informado. A sala em uníssono proferiu palavras de ordem em apoio à República Islâmica do Irão e à própria jornalista, do mesmo modo que condenou a ação imperialista e sionista em relação a este país.
Vahidi Mohammadreza ainda haveria de, mais tarde, responder a perguntas dos seus colegas jornalistas da assistência, demonstrando sempre nas respostas o seu profissionalismo e patriotismo.
Na conclusão desta conferência foi aprovado um documento, lido pelo jornalista norte-americano Christopher Helali, apelando a uma “Aliança de Jornalistas para a Comunicação do Sul Global”, que congregue todos os profissionais da comunicação e influenciadores no objectivo comum de propagarem a verdade aos povos e se constituirem como referência informativa.
A intervenção de encerramento esteve a cabo de Jorge Rodriguez, Presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular da Venezuela, que se referiu à ditadura da informação proveniente das centrais americanas e difundida mundialmente e à importância de se trabalhar para desmontar essa política informativa, tendo também lembrado aos presentes a perseguição política, económica - corporizada nas sanções e no congelamento de activos no estrangeiro - e cultural que a Venezuela tem sofrido dos EUA, mencionando a seguir as vitórias que o Povo venezuelano tem alcançado sob a direcção do Presidente Nicolás Maduro e do seu governo.
Caracas, 31 de Julho de 2025
Francisco Balsinha – Membro da Associação de Jornalistas do BRICs e da Aliança de Jornalistas para a Comunicação do Sul Glocal. Editor do site www.noticiasindependentes.info