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O plano de resolução da ONU/OUA de 1991: a solução realista e prática para o conflito do Sahara Ocidental - Victoria G. Corera
Por Administrador
Publicado em 18/07/2025 10:35
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O conflito do Sara Ocidental dura há mais de quatro décadas e é testemunho da resistência do povo sarauí à ocupação e das disputas em torno da autodeterminação. Apesar dos esforços internacionais para alcançar uma solução pacífica e justa, este conflito continua por resolver. Neste contexto, o plano de resolução da ONU/OUA de 1991 continua a ser a opção mais realista e prática para pôr termo ao conflito e continua a ser considerado como a via a seguir para garantir uma resolução definitiva, apesar de a sua aplicação ter sido sabotada pelas acções de Marrocos e dos seus aliados.

O plano de resolução de 1991: o caminho para a autodeterminação

Em 1991, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização da Unidade Africana (OUA) adoptaram um plano de resolução para pôr fim ao conflito do Sara Ocidental. Este plano baseava-se na realização de um referendo de autodeterminação, no qual os saharauis decidiriam o seu futuro político: independência ou integração em Marrocos. O plano previa também a criação da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Sahara Ocidental (MINURSO), cujo principal objetivo era supervisionar o cessar-fogo e organizar o referendo, garantindo o respeito pelos direitos do povo saharaui.

 

O Plano era uma solução enraizada no direito internacional, nomeadamente no direito à autodeterminação dos povos, princípio consagrado na Carta da ONU e em numerosas resoluções internacionais. O empenhamento da comunidade internacional, através da ONU e da OUA, reflectiu um reconhecimento explícito do direito do povo saharaui a decidir o seu futuro. No entanto, o maior obstáculo à aplicação do Plano foi a posição de Marrocos, que se recusou repetidamente a permitir a realização do referendo prometido.

Bloqueio marroquino: sabotagem da legalidade internacional

Embora o Plano de Resolução tenha sido adotado por consenso internacional, a sua aplicação foi severamente bloqueada por Marrocos. Desde o início, o reino alauíta começou a colocar obstáculos à realização do referendo, a começar pela questão do recenseamento eleitoral. Marrocos insistiu em que apenas os habitantes do Sahara Ocidental chegados após a ocupação de 1975 pudessem participar, excluindo os saharauis deslocados ou exilados. Esta exclusão violava o princípio fundamental do Plano, que garantia o direito de todos os saharauis a decidir o seu futuro político.

 

O obstáculo mais significativo, no entanto, tem sido a recusa de Marrocos em permitir a realização do referendo de autodeterminação. Ao longo dos anos, Marrocos tem utilizado a sua influência política, económica e militar para pressionar a comunidade internacional a aceitar a sua soberania sobre o Sahara Ocidental, ignorando sistematicamente as resoluções da ONU que apelam à realização do referendo. De facto, o bloqueio de Marrocos fez deste país o principal responsável pela perpetuação do conflito e o principal obstáculo à legalidade internacional, contrariando o direito dos saharauis a decidirem o seu futuro de acordo com os princípios da Carta da ONU.


O povo saharaui exprimiu a sua frustração perante a inação da comunidade internacional. Passaram vinte e nove anos desde a entrada em vigor do cessar-fogo supervisionado pela ONU, tal como acordado no plano de resolução da ONU-OUA, mas o referendo de autodeterminação nunca se realizou. Como refere o comunicado da Frente Polisario, Marrocos tem repetidamente renegado os seus compromissos e persistido nos seus esforços para minar o plano de paz. Apesar das resoluções do Conselho de Segurança, Marrocos prossegue com acções desestabilizadoras e ilegais que violam os acordos alcançados.

 

O fracasso do referendo: uma promessa não cumprida

A promessa de um referendo de autodeterminação está suspensa há mais de 30 anos devido à recusa de Marrocos em permitir a realização do processo. Apesar dos esforços da ONU para ultrapassar os obstáculos e organizar o referendo, o recenseamento não foi aceite e as negociações chegaram a um impasse. Marrocos condicionou a realização do referendo ao reconhecimento da sua soberania sobre o território, uma posição que nega o direito dos saharauis à autodeterminação e desafia a ordem internacional.

O facto de a comunidade internacional não ter conseguido obrigar Marrocos a cumprir as resoluções da ONU deixou os saharauis num limbo. Entretanto, os refugiados saharauis em Tindouf, no sul da Argélia, continuam a viver em condições extremamente precárias, sem qualquer esperança de que o seu direito à autodeterminação se concretize. A ONU, não tendo conseguido fazer Marrocos cumprir os seus compromissos, não foi capaz de impor uma solução que respeite os direitos fundamentais do povo sarauí.

 

O papel da comunidade internacional: a inação face ao bloqueio marroquino


A comunidade internacional tem sido testemunha do bloqueio sistemático de Marrocos ao plano de resolução e à autodeterminação do povo saharaui. Apesar das numerosas resoluções da ONU que reiteram o direito dos saharauis a decidir o seu futuro, o apoio à causa saharaui tem sido fraco e disperso. Alguns países, nomeadamente os que têm interesses estratégicos em Marrocos, como a França e os EUA, têm sido tépidos no seu apoio ao referendo e têm apoiado a posição de Marrocos, enfraquecendo a pressão internacional sobre o reino Alawi.


Este apoio internacional a Marrocos tem sido crucial para que o país possa manter a sua ocupação do Sahara Ocidental e continuar a negar os direitos dos saharauis. Apesar das resoluções da ONU, o Conselho de Segurança não tem sido capaz de impor sanções a Marrocos nem de tomar medidas efectivas para garantir o cumprimento dos acordos de 1991.

 

A Frente Polisario: defensora da autodeterminação e da legalidade internacional


Por outro lado, a Frente Polisario, legítima representante do povo saharaui, manteve o seu empenhamento na resolução pacífica do conflito, insistindo no respeito pelo direito à autodeterminação. A Frente Polisario manifestou repetidamente a sua vontade de trabalhar no quadro do Plano de Resolução, mas sempre sob a premissa de que o referendo deve ser livre, justo e transparente, sem interferências ou manipulações externas.


Apesar das dificuldades, a Frente Polisario continua a ser a defensora da legalidade internacional neste conflito. Face à obstinação marroquina, a Frente tem sido uma firme defensora dos princípios estabelecidos pela ONU e pela OUA em 1991, insistindo que o povo saharaui deve ser o único soberano do seu destino.

 

Impacto humanitário: um povo em compasso de espera

O conflito teve consequências não só políticas mas também humanitárias. Os mais de 170.000 refugiados sarauís que vivem nos campos de Tindouf continuam a sofrer privações, sem acesso adequado a recursos essenciais como água, alimentos, educação ou cuidados médicos. As gerações mais jovens, que nasceram no exílio, vêem as suas esperanças num futuro melhor desvanecerem-se na ausência de uma solução para o conflito.


O plano de colonização de 1991 prometia uma solução para esta situação, mas a recusa de Marrocos em autorizar a realização do referendo perpetuou as condições de sofrimento e as esperanças dos refugiados sarauís.

 

O Plano de Resolução: a chave para uma resolução justa


O Plano de Resolução continua a ser, apesar de anos de impasse, a solução mais realista e prática para resolver o conflito do Sahara Ocidental. A realização do referendo é a única forma de garantir que o povo saharaui possa decidir livremente o seu futuro, em conformidade com o direito internacional e os princípios de autodeterminação reconhecidos pela ONU.

A Frente Polisario, como reiterado, espera que a ONU cumpra a sua responsabilidade e permita que o povo saharaui exerça o seu direito inalienável à autodeterminação e à independência. Vinte e nove anos se passaram desde que o cessar-fogo foi assinado, mas as promessas continuam por cumprir. É imperativo que o Conselho de Segurança garanta o pleno respeito pelos acordos e assegure que a MINURSO possa atuar em conformidade com o seu mandato, controlando os direitos humanos e facilitando a realização do referendo.

 

 

 

FONTE: https://noteolvidesdelsaharaoccidental.org/el-plan-de-arreglo-de-la-onu-y-la-oua-de-1991-la-solucion-realista-y-practica-para-el-conflicto-del-sahara-occidental-victoria-g-corera/

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