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Os genocídios dos colonialistas europeus em África
Por Administrador
Publicado em 01/06/2025 10:14
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As histórias oficiais tratam os crimes de massa de forma diferente, dependendo do local onde ocorreram e das populações afectadas. Em África, o colonialismo marcou vários episódios de extermínio sistemático. No entanto, estes crimes, embora documentados, continuam a ter dificuldade em ser plenamente reconhecidos. Não estão totalmente integrados nos currículos escolares nem são tratados com o mesmo rigor comemorativo que outros episódios da história contemporânea, como o célebre “holocausto”, pelo que permanecem frequentemente confinados à obscuridade. Esta falta de reconhecimento põe em causa os critérios implícitos que enformam a memória oficial e os manuais escolares.

Estes “esquecimentos” explicam a política europeia relativamente a um genocídio em curso: o de Gaza. Os sionistas e os genocidas europeus são colonialistas siameses. Um justifica o outro e o silêncio faz o resto.


O exemplo da Namíbia, de que já falámos, ilustra perfeitamente esta memória selectiva e diferenciada. Entre 1904 e 1907, no que era então um território dominado pelos alemães, as populações Herero e Nama foram massacradas em grande escala pelas tropas do general Lothar von Trotha. Em resposta a uma revolta contra o colonialismo, estas populações foram cercadas, privadas de água no deserto do Kalahari e perseguidas indiscriminadamente. As perdas humanas foram enormes: quase 80 por cento do povo Herero foi dizimado.

 

As mortes nunca foram oficialmente classificadas como genocídio pela Alemanha até 2021, após mais de cem anos de negação. O princípio de que os genocídios só são preocupantes quando não têm remédio está cumprido.

A Alemanha ainda está a debater as reparações financeiras a pagar e as populações afectadas denunciam compromissos insuficientes. Entretanto, o reconhecimento e a comemoração desse genocídio continuam a ser marginais na cena internacional. Só nos últimos anos é que a Namíbia começou a comemorar oficialmente estes acontecimentos.

Este atraso não é um caso isolado. Em todo o continente africano, os crimes maciços ligados ao colonialismo raramente foram reconhecidos pelo que são. Na Bélgica, o reinado de Leopoldo II sobre o Congo, entre 1885 e 1908, provocou a morte de vários milhões de pessoas, vítimas de escravatura, massacres e mutilações. Este regime, baseado na exploração da borracha e no terror, foi documentado desde o início, mas a Bélgica nunca o reconheceu formalmente pelo que era: um crime de genocídio.

Outro caso emblemático é a guerra que a França travou nos Camarões nos anos 50, durante a luta pela independência. As operações militares francesas contra os militantes da União Popular dos Camarões (UPC) resultaram em campanhas brutais de repressão. Execuções extrajudiciais, deslocações forçadas, destruição de aldeias... A violência causou a morte de dezenas de milhares de pessoas, sem a ajuda da França.

 

Longe de serem meras omissões, estes silêncios selectivos contribuem para uma leitura do passado em que nem todas as vidas merecem igual atenção. A desigualdade de tratamento dos genocídios e dos crimes coloniais revela uma hierarquia persistente na construção das ideologias oficiais. Os europeus gostam de se ver no espelho mágico da sua memória como “civilizadores” e embaixadores dos “direitos humanos”.

 

Não se trata apenas de livros didácticos, histórias oficiais e comemorações solenes. Quando se passeia pelas ruas de qualquer capital europeia, vêem-se esculturas que homenageiam os piores carniceiros.

Alguém explicou aos espanhóis as duas guerras africanas?


Por exemplo, ninguém fala aos espanhóis sobre as duas guerras de África. Em meados do século XIX, a primeira foi liderada pelo presidente do governo da altura, o general Leopoldo O'Donnel, que tem uma rua em Madrid e um monumento no Parque do Retiro.

A Espanha foi chamada a “dominar uma grande parte de África”, afirmou O'Donnell. O exército expedicionário subjugou a população do Norte de África através do terror, incluindo saques, como o de Tetuão, que durou vários dias. O'Donnell autorizou a pilhagem das tropas como despojo de guerra e, como agradecimento, a monarquia concedeu-lhe o título de “Duque de Tetuão”.


Um bairro de Madrid tem o nome de “Tetuán de las Victorias” e há praças e ruas em muitas capitais que prestam homenagem a uma guerra colonialista. Os partidos políticos e a imprensa da época apoiaram entusiasticamente a cruzada, tal como a Igreja Católica, que encorajou os soldados “a não regressarem sem deixarem o Islão destruído, as mesquitas arrasadas e a cruz pregada em todas as cidadelas”.

 

Vários jornais enviaram correspondentes para os campos de batalha, que escreveram um grande número de crónicas e relatos jornalísticos, obras literárias, canções, pinturas, monumentos... Os leões que presidem à entrada do Palácio das Cortes, sede do Congresso dos Deputados, foram fundidos a partir dos canhões capturados na batalha de Wad-Ras. Hoje, os espanhóis vêem-nos todos os dias na televisão, mas preferem não se lembrar de nada, ao contrário dos habitantes da Rifa, onde a memória colectiva ainda está viva.


Também ninguém se lembra da Segunda Guerra de África, que os espanhóis provocaram 50 anos mais tarde contra o mesmo povo.

 



Fonte: https://mpr21.info/los-genocidios-de-los-colonialistas-europeos-en-africa/

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