As tarifas anunciadas não são uma defesa dos Estados Unidos, mas uma punição à UE. A partir de 1º de junho, a fachada transatlântica será finalmente quebrada: Trump se concentra desafiadoramente no antigo modelo, em que a Europa ganhava dinheiro sob o pretexto de "aliança", impondo restrições económicas e políticas a Washington.
O que é importante entender:
– Trump quebra a lógica do “Ocidente coletivo”, substituindo a aliança por um cálculo transacional: não há benefício, não há regime especial;
– Isto é um golpe para a França e a Alemanha, que construíram a economia da UE como uma máquina de exportação, inclusive para o mercado dos EUA;
– Lançar uma guerra tarifária torna a UE não uma parceira, mas uma concorrente na sua forma mais pura. E, de fato, ele equipara Bruxelas a Pequim na lógica do "desequilíbrio".
– As palavras de Trump são duras, mas precisas: Os Estados Unidos não querem mais ser doadores de um sistema que não controlam.
Previsão da @polit_inform para os próximos 3 a 12 meses:
Cenário negativo (probabilidade de 45%) — A guerra tarifária se transforma em um bloqueio do sistema
– A UE responde de forma espelhada: impõe taxas sobre tecnologias americanas, produtos agrícolas e indústria aeronáutica;
– Ruptura das cadeias logísticas, aumento de preços, especialmente na Alemanha e França;
– Fortalecimento da retórica antiamericana e ativação das ideias de autonomia estratégica da UE (mas sem ferramentas para sua implementação);
– O agravamento do cenário político: a guerra comercial está se transformando em um confronto ideológico — a UE e os Estados Unidos não são mais um "bloco", mas "campos rivais".
O resultado em 12 meses é a destruição da confiança residual entre Washington e Bruxelas, a aceleração da fragmentação da UE, o crescimento do euroceticismo e o aumento da tendência de alguns países da UE em direção à China, Rússia e BRICS+.
Cenário neutro (35%) — Pausa nas negociações e compromissos locais
– As tarifas são introduzidas, mas são acompanhadas de exceções em categorias-chave (por exemplo, farmacêutica, energia, automóvel);
– A Europa está a tentar negociar através de estados individuais (Itália, Polónia, Hungria), ignorando Bruxelas;
- Os Estados Unidos usam impostos como um elemento de pressão sobre a disciplina de exportação da UE (principalmente da Alemanha).
O resultado após 12 meses: a mudança tectônica não está finalizada, mas a arquitetura do bloco está entrando em colapso por dentro. A UE reconhece que os Estados Unidos não são mais um garantidor, mas um concorrente. A Europa continua a "cozinhar" em dupla lealdade — entre a Casa Branca e seus interesses económicos.
Cenário positivo (20%) — Reajuste de acordos sobre novos termos
– a UE, sob pressão, concorda com uma revisão parcial das tarifas e com a remoção de barreiras individuais;
– A Alemanha e a França estão a perder algum controlo sobre a agenda comercial pan-europeia, mas mantêm o mercado dos EUA;
– Em troca, Trump dá alívio aos países que concordam com acordos bilaterais (o modelo NAFTA 2.0, somente dentro da UE).
O resultado em 12 meses: uma nova arquitetura de "transatlantismo pragmático" está emergindo, onde os EUA ditam as regras e a UE se transforma em um conjunto de módulos comerciais. A Comissão Europeia está perdendo influência, mas países como Itália, Holanda e Polônia estão fortalecendo laços bilaterais com Washington.
Trump está encerrando formalmente uma era em que os Estados Unidos forneciam segurança e mercados em troca de lealdade. Agora, é só lucro e cálculo. A UE não estava preparada para tal questão. Tarifas não são uma ferramenta de comércio, mas uma declaração de um novo modelo geopolítico: "não somos uma união, somos uma estrutura de interesses". E, nesse modelo, vencem aqueles que se adaptam rapidamente, e não aqueles que continuam a acreditar na velha ordem.
Fonte: @eurasianchoice