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'Brasil pode pagar em solidariedade': Lula defende transferência de tecnologia para África
Por Administrador
Publicado em 20/05/2025 07:54
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Em evento com 40 países africanos, presidente destaca laços históricos e cobra atitudes mais enérgicas no combate contra a fome.

 

Na abertura do II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, realizada nesta segunda-feira (19), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância da solidariedade e da transferência de tecnologia como formas de fortalecer a produção de alimentos no continente africano.

 

O evento, que acontece 14 anos após a primeira edição, reúne mais de 40 delegações africanas e diversas organizações internacionais, bancos de desenvolvimento, entidades de pesquisa e representantes da agricultura familiar, e será realizado entre os dias 20 e 22 de maio em Brasília.

 

"É o primeiro Diálogo depois do G20 de 2024", lembrou Lula, que aproveitou a ocasião para reafirmar a prioridade da política externa brasileira em fortalecer as relações com os países africanos. O presidente também destacou a proximidade cultural de seu país com o continente.

"Nós devemos ao continente africano o que nós somos. Nossa cor, nossa arte, nossa cultura. Eu tenho consciência que o Brasil não pode pagar isso em dinheiro porque não pode ser mensurado em dinheiro", pontuou. 

"O Brasil pode pagar em solidariedade, em transferência de tecnologia, para que vocês possam produzir parte daquilo que produzimos", destacou.

 

O presidente relembrou ações de governos anteriores que buscaram ampliar a presença brasileira na África. "O continente africano foi o continente que eu mais visitei durante meus primeiros mandatos. Abrimos 19 embaixadas, fizemos um hospital, fizemos uma universidade aberta, fizemos fábrica de remédio antirretroviral. Isso até 2016. E depois do impeachment tudo retrocedeu". 

 

O encontro, promovido pelo governo brasileiro, tem como objetivo aprofundar a cooperação com países africanos e refletir sobre experiências brasileiras no setor agrícola à luz das observações das delegações do continente.

 

Entre os temas abordados nos próximos dias estão o fortalecimento da agricultura familiar, o desenvolvimento rural sustentável, o intercâmbio de tecnologias e a criação de sistemas agroalimentares resilientes.

 

Crítica ao militarismo

 

Durante o discurso, Lula também fez críticas à distribuição global de recursos. "Imagina se o dinheiro da guerra da Ucrânia fosse usado pra produzir alimento?", questionou. 

"Imagina se dinheiro que o exército de Israel usa para matar mulheres e crianças lá na Faixa de Gaza fosse utilizado para transferir tecnologia para países que precisam", concluiu.

 

Falta respeito à África

 

O presidente também alertou para a negligência histórica em relação ao continente. "Muita gente não quer enxergar o continente africano, quer enxergar somente a Europa", disse. "O que eu sei é que falta estrada, água potável, respeito dos outros países ao continente africano". 

 

Além de identificar desafios, Lula cobrou mais efetividade nas ações internacionais. "O que a gente pode fazer para parar de fazer discursos e ter baixa execução?" Para ele, com o manejo adequado e tecnologia apropriada, é possível acabar com a improdutividade no campo. "Com o manejo certo, não há mais terra improdutiva no mundo". 

 

O II Diálogo Brasil-África prevê atividades de campo no entorno de Brasília e em Petrolina, no Vale do São Francisco, focando em temas como bioinsumos, saúde do solo, agricultura irrigada e convivência com a seca. No último dia, será realizado um "Diálogo de Alto Nível", com painéis sobre sistemas agroalimentares sustentáveis, inovação e financiamento.

"Apenas quem passou fome sabe o que é a fome", afirmou o presidente. Segundo ele, o Brasil pode e deve atuar com responsabilidade para apoiar o desenvolvimento agrícola africano. "O Brasil pode ajudar. O Brasil tem como ajudar. Basta que a gente assuma a responsabilidade de tratar vocês com respeito e o carinho que vocês necessitam."

 

O evento reforça o papel do Brasil como parceiro estratégico para os países africanos, com base em cooperação técnica, troca de experiências e construção de soluções adaptadas à realidade de cada território. 

 

A iniciativa também terá um espaço de discussão sobre os objetivos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma das prioridades do governo brasileiro nas agendas internacionais de 2024.

 

 

 

Fonte: https://rtbrasil.com/noticias/12932-brasil-solidariedade-tecnologia-africa-lula/

 


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