Durante a cúpula de chanceleres do BRICS, realizada na semana passada no Rio de Janeiro, a analista de política internacional Ana Beatriz Slomski concedeu entrevista exclusiva à RT Brasil. Ela abordou o papel do bloco no cenário das transformações globais e os principais interesses do Brasil no grupo.
Segundo a analista, há atualmente uma "janela de oportunidades" para que o BRICS avance na reforma das instituições internacionais e nas dinâmicas entre os países.
A reforma do sistema de governança global, incluindo mudanças no Conselho de Segurança da ONU, foi um dos principais temas da agenda brasileira no encontro.
"A postura dos EUA faz com que o BRICS ganhe protagonismo para fortalecer essas mudanças", disse Ana Beatriz à jornalista Michele de Mello.
Apesar disso, ela observou que a reforma da ONU, especialmente no Conselho de Segurança, segue sendo um ponto sensível e "não vai ser fácil", devido aos diferentes interesses dos países que compõem o BRICS.
Busca por consenso
Ao avaliar a cúpula, Ana Beatriz destacou que, mesmo sem uma declaração conjunta assinada pelos membros, o resultado representa "um passo à vitória" da diplomacia brasileira.
Segundo ela, o BRICS busca fortalecer instituições e ampliar a participação democrática dos países em desenvolvimento no cenário internacional.
A analista ressaltou que o grupo segue em busca de consenso, o que se tornou mais complexo com o aumento do número de integrantes. "É desafio produzir algo que todos acordam", afirmou.
Foco para o futuro
Questionada sobre os temas que devem dominar a próxima cúpula de chefes de Estado, marcada para julho de 2025, Ana Beatriz indicou que a economia será o eixo central das discussões.
De acordo com ela, em um contexto marcado pela instabilidade provocada pelas chamadas guerras comerciais iniciadas por Trump, será fundamental debater o desenvolvimento dos países do Sul Global, além de tarifas e dinâmicas comerciais.
Um dos temas mais relevantes para diversas nações afetadas pelas tarifas impostas pelo governo Trump, segundo a analista, é a discriminação relacionada à origem dos produtos.
Crédito da foto: RT
Fonte: https://rtbrasil.com/noticias/12271-papel-brics-pode-impulsionar-reformas/