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Catadupa de petições de militares e altos funcionários israelitas contra a guerra em Gaza
Por Administrador
Publicado em 30/04/2025 19:57 • Atualizado 30/04/2025 19:57
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Numa semana, uma catadupa de petições militares mostrou bruscamente a tomada de consciência pela sociedade israelita que a estratégia do governo de Netanyahu em Gaza não permitirá, nem trazer de volta os reféns, nem vencer o Hamas.

 

Os Israelitas começam a tomar consciência dos horrores sofridos pelos Palestinianos, mas têm de momento grandes dificuldades em falar sobre estes crimes cometidos por alguns dos seus próprios cidadãos e não conseguem levar em conta as 50. 000 pessoas assassinadas em Gaza.

 

Algumas personalidades, como o antigo Chefe de Estado-Maior, o General Dan Haloutz, descrevem agora abertamente o Primeiro-Ministro como um inimigo do povo judaico e pedem a sua prisão. No entanto, estas figuras públicas abstêm-se de recordar que os “sionistas revisionistas” eram aliados de Benito Mussolini e de Adolf Hitler contra o povo judaico. É ainda muito cedo para os Israelitas analisarem o que vivenciaram nos últimos anos.

 

Essa onda de pensamento tem a sua raiz nas críticas que Benjamin Netanyahu mantém, desde há anos, contra o aparelho militar. Expandiu-se repentinamente com a guerra pós-7 de Outubro em Gaza. Trata-se, pois, tanto de uma revolta contra o populismo dos « sionistas revisionistas » como contra o projecto de guerra sem fim que eles encarnam.

 

Um grupo de 970 reservistas da Força Aérea Israelita, entre os quais alguns aposentados, assinou, em 10 de Abril, uma petição que desencadeou uma onda de choque através da sociedade israelita.

Os signatários apelam ao retorno imediato dos reféns israelitas detidos pelo Hamas, através de um acordo, e o fim dos combates em Gaza, que são, segundo eles, motivados por considerações pessoais e políticas, mais do que pela segurança da nação. Apelaram igualmente ao povo israelita para formular as mesmas exigências, onde quer que esteja, e seja como for que as possa expressar.

O Exército e o Governo repreenderam-nos rapidamente, indo ao ponto de rejeitar até mesmo os que ainda estão servindo, mas também muito rapidamente outros veteranos, reservistas, e antigos membros do aparelho de segurança se juntaram ao apelo. Entre eles encontravam-se antigos chefes da Mossad e um chefe de Estado-Maior das FDI, que qualificaram as manobras governamentais « de sufoco da dissidência civil ».

 

O Governo decidiu que todos os signatários seriam demitidos das Forças Armadas, mas apenas 25 deles deram o dito por não dito e se retiraram da petição. Algumas horas mais tarde, cerca de 150 oficiais aposentados da Marinha assinaram o seu próprio texto. Nele escrevem : «Reiniciar a guerra afasta-nos ainda mais da libertação dos reféns, põe em perigo nossos soldados e prejudica os civis inocentes. Em lugar de tomar medidas específicas para fazer avançar um acordo de libertação de reféns, assistimos a um comportamento do Governo que mina os fundamentos do espírito de Estado, fere a confiança do público e suscita sérias suspeitas de que as decisões de segurança nacional são ditadas por considerações ilegítimas ».

 

Benjamin Netanyahu, o Primeiro-Ministro, respondeu, em 11 de Abril, dizendo que estes textos « tinham sido escritos por um pequeno grupo de radicais, geridos por organizações financiadas a partir do estrangeiro com um único propósito : derrubar o governo de direita. Não é uma onda. Não é um movimento. É um pequeno grupo, barulhento, anarquista e desconectado de aposentados – dos quais a maior parte não esteve no activo durante anos. »

 

Entretanto, 1. 525 soldados do Corpo Blindado (cavalaria blindada), por seu lado, publicaram um texto, em 14 de Abril, por iniciativa do Coronel Rami Matan, antigo Comandante-adjunto da brigada Yiftah. Entre os signatários, encontram-se Ehud Barak (antigo Primeiro-Ministro e Chefe de Estado-Maior das FDI), Amram Mitzna (antigo General e Chefe do Partido Trabalhista) e Amos Malka Halutz (antigo Chefe da Inteligência Militar).

 

Mais de 250 veteranos da Unidade 8200, a unidade de Inteligência Electrónica, assinaram igualmente uma petição, em 11 de Abril. Nela escreveram : «Junta-mo-nos ao apelo das tripulações para exigir o retorno urgente dos reféns, mesmo com o custo do fim imediato da guerra. Apoiamos e associa-mo-nos à declaração séria e preocupante que, nesta fase, a guerra serve principalmente interesses políticos e pessoais, e não os interesses da segurança ». Rapidamente, este texto foi subscrito por mais de um milhar de reservistas da Unidade 8200. Depois, cerca de 500 empresários do sector juntaram-se a eles.

 

De unidades de infantaria, de paraquedistas e das forças especiais das FDI, cerca de 1. 500 veteranos, entre os quais os comandos de elite Sayeret Matkal, Shayet 13 e Shaldag, assinaram também uma petição, em 11 de Abril apelando ao fim da guerra. Nela escrevem : «Estamos determinados a exercer os nossos direitos civis e a alertar contra a continuação destes combates a longo prazo que colocam em perigo a vida dos reféns, de soldados e de civis, e que parecem prosseguir devido a considerações políticas ».

 

Em 13 de Abril, 250 veteranos da Mossad assinaram uma carta pedindo o fim da guerra e a libertação dos reféns. Entre os signatários figuram Danny Yatom, Efraim Halevy e Tamir Pardo (três antigos directores da agência), bem como um antigo Chefe-adjunto da Mossad e dezenas de altos funcionários aposentados.

 

Em 14 de Abril, cerca de 100 antigos alunos do Colégio de Segurança Nacional — onde os altos responsáveis do exército, da defesa e do governo realizam seus estudos antes de assumirem cargos chave de direcção— assinaram uma carta semelhante. Segundo eles, soldados e civis não deviam ser deixados para trás, e a solidariedade é o valor moral supremo. Mas, no último ano e meio, « o Estado de Israel não conseguiu atingir este padrão ».

 

O Shin Bet Veterans for Democracy, um grupo composto por centenas de antigos combatentes do Shin Bet que se juntaram ao movimento de protesto contra o «Golpe de Estado » judicial, publicou uma declaração de apoio às «petições dos nossos irmãos de armas» que disseram «exprimir a profunda deterioração da confiança do público no Governo ».

Em 14 de Março, mais de 3. 000 responsáveis pela educação assinaram uma petição pedindo o fim da guerra e o retorno de todos os reféns. Apresentam-na como « um apelo à recusa, um apelo para salvar vidas ».

 

Cerca de 200 diplomados do prestigioso programa Talpiot, que combina estudos de matemáticas e de ciências com o serviço militar, na pesquisa e desenvolvimento tecnológico, assinaram uma carta, publicada em 15 de Abril, para pedir o retorno dos reféns e o fim da guerra, bem como o seu apoio aos reservistas da Força Aérea. « O apelo para salvar os civis e os soldados em cativeiro é um apelo moral de base na escala de valores segundo a qual fomos educados, e segundo os quais temos servido », escreveram.

 

Uma carta pública, assinada, em 16 de Abril por 200 Comissários, Comandantes e Oficiais da polícia israelita, exigiu o retorno de todos os reféns, mesmo pelo preço do fim da guerra.

 

Cerca de 250 veteranos e reservistas da Unidade de comando naval de elite Shayet 13, dos quais alguns haviam já igualmente assinado a petição das Forças Especiais, publicaram a sua própria carta aberta, em 15 de Abril.

 

Cerca de 120 veteranos, oficiais e reservistas, identificados pelo primeiro nome, a inicial do nome e a última patente, assinaram uma carta, publicada em 15 de Abril, dirigida aos membros da Divisão de Operações Especiais da Directoria de Inteligência Militar. Nós, que servimos durante muitos anos no coração da segurança israelita, sob governos de direita e de esquerda, e como cidadãos patriotas e cumpridores da lei, declaramos afirmativamente que o Governo israelita e o homem à sua frente constituem uma ameaça clara e imediata à segurança israelita e às vidas dos reféns.

 

Cerca de 500 diplomados do curso de oficiais de elite da Marinha israelita, incluindo quatro antigos Comandantes navais da marinha israelita, assinaram uma carta pedindo « o fim da guerra, um reexame da política e a integração de medidas diplomáticas para trazer de volta os reféns e o retorno da segurança em Israel ».

 

 

Fonte: Rede Voltaire | 28 de Abril de 2025

 

Tradução: Alva

 

 

 

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