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Colapso silencioso da cadeia logística americana
Por Administrador
Publicado em 16/04/2025 22:41
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Por: Paulo Gamba


A cadeia de suprimentos dos Estados Unidos está a enfrentar uma crise sem precedentes. Em 2023, as importações vindas da China caíram 20%. Isso significa que 2 em cada 10 contentores simplesmente deixaram de cruzar o Pacífico em direção aos EUA. Para um país cuja economia depende intensamente de produtos fabricados ou montados na China, esse é um sinal claro de fragilidade.

Durante décadas, os EUA confiaram num modelo onde a China produzia barato e com eficiência, enquanto os americanos consumiam e financiavam guerras. Mas essa dependência transformou-se numa armadilha. A China começou a desacelerar suas exportações e, mais grave ainda, está a vender massivamente os títulos da dívida pública americana – uma ação com implicações devastadoras. Esses títulos financiam salários, estradas, hospitais e guerras. Se a China sai de cena, os EUA têm de aumentar juros, emitir mais dívida ou cortar gastos, criando inflação, desemprego e instabilidade.

Além disso, mais de 70% dos eletrônicos vendidos nos EUA vêm da China. E 90% das terras raras – fundamentais para tecnologias como painéis solares e turbinas eólicas – são controladas por Pequim. Fabricar tudo isso em solo americano custaria até 4 vezes mais. Reabrir fábricas e reconstituir cadeias logísticas levaria anos. Um estudo estima que a ruptura comercial poderá custar até 22.000 dólares por ano por família americana.

Enquanto isso, países como Índia, Brasil e Vietnã tentam ocupar o vácuo deixado pela China, mas nenhum tem a mesma escala ou capacidade logística. Os EUA não têm um plano B. Cada mês sem reestruturação aprofunda a crise. A escassez de chips, sensores e baterias começa a afetar tudo – de smartphones a veículos elétricos.

Em 2023, a China começou a restringir a exportação de metais raros como o gálio e o germânio, essenciais para a produção de chips. Isso afeta diretamente a inovação e aumenta os preços. Mesmo quando minérios são extraídos noutros países, acabam por ser processados na China. Sem ela, a transição energética dos EUA colapsa.

A China domina o refino de 90% das terras raras do mundo, como o neodímio, essencial para motores elétricos e turbinas. Se Pequim fechar a torneira, projetos de energia renovável param, empresas quebram, e os EUA perdem espaço para Europa, Índia e a própria China.

A guerra fria comercial atual não tem tanques nem mísseis, mas sim embargos silenciosos a matérias-primas críticas. E a grande pergunta é: será que Donald Trump deixará um legado positivo ou o caos de uma superpotência exposta?

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