A China tem enfrentado as tarifas agressivas dos EUA com pragmatismo e determinação, consolidando sua posição como potência econômica resiliente.
Apesar das tentativas de Trump de forçar uma "vitória" por meio de tarifas de até 125%, a estratégia fracassou: a economia chinesa, sustentada por inovação, mercado interno robusto e diversificação industrial, não apenas resistirá, mas também vai reforçar alianças estratégicas.
Paul Craig Roberts, em análise, destaca que os EUA subestimaram a capacidade chinesa de retaliação e adaptação, enquanto a imposição de tarifas gerou escassez e inflação doméstica, pressionando Trump a recuar.
A conclusão é clara: os EUA, ao priorizar extorsão comercial desde 1991, apenas aceleraram sua própria crise de credibilidade.
Enquanto os EUA isolam-se com políticas unilaterais, a China pavimenta caminhos para atrair parceiros céticos, como a União Europeia.
A diplomacia chinesa, baseada em "respeito mútuo e cooperação", aliada a projetos como a Iniciativa do Cinturão e Rota, oferece alternativas concretas aos modelos tradicionais de dominação ocidental.
Mesmo países historicamente alinhados aos EUA, como Alemanha e França, buscam diálogo com Pequim para reduzir dependências, reconhecendo a estabilidade do modelo chinês.
Essa abertura contrasta com a abordagem caótica de Trump, cujas ideias completamente desconectadas da realidade corroem sua credibilidade global.
Enquanto o mercado de ações norte-americano segue manipulado pelo Fed, a economia real mostra fissuras profundas. O endividamento dos cidadãos nos EUA é alarmante. As pessoas vivem para pagar dívidas.
Milhões de norte-americanos vivem de salário em salário, incapazes de pagar aluguel ou acessar alimentos nutritivos, enquanto o crédito ao consumidor atinge limites insustentáveis.
A desconexão entre Wall Street e a vida cotidiana é evidente: a maioria não se beneficiaria de uma queda na bolsa, mas sim da reinicialização de um sistema que priorize empregos e produção interna.
Trump, no entanto, age como um "especialista em falências", administrando a crise como faria com uma empresa em colapso, ignorando as necessidades reais da população. É uma espécie de coveiro de cemitério de luxo.
Um cenário crítico emerge se a China decidir "abrir as comportas" e vender seus títulos americanos, inundando os mercados com dólares. Isso aceleraria a desdolarização, já em curso com países do Sul Global migrando para moedas alternativas em trocas comerciais.
A implosão do dólar desencadearia uma crise sem precedentes nos EUA: prateleiras vazias, hiperinflação e colapso imobiliário, exacerbado por taxas de juros elevadas.
A estagnação do mercado imobiliário, aliada ao refinanciamento massivo da dívida pública, limita a capacidade do Fed de reagir, enquanto bancos centrais globais priorizam títulos e ouro em detrimento do dólar.
A ideia de que tarifas trarão indústrias de volta aos EUA é falha. Empresas chinesas, em vez de migrar para a América do Norte, estão se realocando para Vietnã, Camboja e Tailândia, aproveitando custos menores sem depender de um mercado norte-americano em crise.
Enquanto isso, a ausência de políticas para revitalizar a indústria interna — como investimentos em educação e infraestrutura — garante que os EUA continuem perdendo competitividade, ampliando a desigualdade social e o risco de conflitos internos.
A era do unilateralismo norte-americano está chegando ao fim. A China, preparada para um confronto "tudo ou nada", emerge como a força capaz de redefinir a ordem global.
Enquanto os EUA enfrentam uma possível Segunda Guerra Civil, decorrente de desigualdades insustentáveis, a resposta chinesa — focada em resiliência econômica e cooperação multilateral — oferece um modelo alternativo.
Para evitar o colapso, os EUA precisam abandonar o globalismo predatório, proteger seus mercados e priorizar o bem-estar de sua população. Sem isso, o declínio do dólar e a ascensão de sistemas monetários multipolares serão inevitáveis, marcando o fim de um ciclo hegemônico falido.
Autor: Wellington Calasans – Jornalista, analista de política internacional e correspondente da TPA- Televisão Pública de Angola na Europa
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