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A análise é simples! Basta entender a União Europeia, Trump, Otan, Brics...
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Publicado em 09/01/2025

Para a melhor compreensão do atual cenário vivido no planeta, será necessário mais do que frases de efeito, meme ou outros recursos digitais que fomentam a imbecilização das pessoas.

ALERTA! Este texto não é para "duoneuroniano".

A Europa enfrenta uma grave crise econômica, exacerbada pela interrupção das relações energéticas com a Rússia, em parte devido ao apoio às ações do regime ucraniano, mas muito mais pelos planos dos EUA de tornar a Europa um destino exclusivamente norte-americano.

A situação econômica da Europa (com ênfase para a União Europeia) é tão grave que parece impor ao continente uma nova era de trevas. Desta vez, com os cidadãos europeus se tornando vítimas da desastrosa opção de adesão às políticas norte-americanas.

Com o fechamento do último gasoduto de fornecimento de gás russo, a União Europeia se vê em uma autodestruição econômica, social e política que certamente vai durar décadas para ser superada.

O quadro é agravado agora quando o regime ucraniano, elogiado por "líderes europeus" (pausa para rir), cortou o Brotherhood Pipeline, um projeto historicamente estratégico que simbolizava a cooperação entre a Rússia e a Europa.

A Rússia, que antes fornecia mais de 40% do gás da UE, agora se tornou um fornecedor menor, enquanto as exportações de gás natural liquefeito dos EUA aumentaram. O mais bizarro é que parte do gás fornecido pelos EUA aos europeus, é russo.

Essa política suicida de rejeitar o acesso direto ao gás russo, sem a necessidade de ter os EUA como intermediário, resultou em custos energéticos extremamente altos para a Europa, pressionando economias, indústrias e lares em meio à necessidade de novas infraestruturas para o gás e aos elevados custos do transporte.

A atual crise energética tem impacto direto na economia da Alemanha e, por extensão, na da UE. O sofrimento do europeu é parte do plano dos EUA que tem um objetivo estratégico de desestabilizar a relação comercial entre a UE e a Rússia, buscando expandir sua influência e interesses na região.

Essa situação levou a um ambiente perigoso de competição econômica e domínio militar, onde "líderes europeus" (mais uma pausa para rir), em sua maioria, estranhamente se submetem às demandas norte-americanas, subestimando as consequências para seus cidadãos.

Enquanto a Rússia cresce economicamente, debocha das sanções (mais de 27 mil) e encontra novos mercados para destinar seus recursos energéticos, os cidadãos europeus enfrentam dificuldades crescentes devido ao custo elevado da energia e à atual política externa ocidental.

A estratégia dos EUA, em vez de aliviar a dependência dos europeus ao gás russo, amplia as ações sob a bandeira da russofobia e fecham as portas para o diálogo entre Europa e Rússia. Algo que só poderá ser rompido com uma mudança total dos governos europeus.

Os resultados estão postos. Os países europeus que mergulharam na piscina vazia dos EUA na Ucrânia estão condenados a um destino sombrio, com a possibilidade de uma escalada em um conflito global.

No entanto, longe de aparecer com um Plano Marshall, desta vez os EUA devem fazer parte do cortejo fúnebre, com a sua bandeira cobrindo o próprio caixão, pois será uma das economias vitimadas pelo erro de desafiar a Rússia na Ucrânia.

A situação econômica decorrente da atual da guerra na Ucrânia será agravada se o ex e próximo presidente Donald Trump se aventurar no aprofundamento da queda de braço com a Rússia em relação ao conflito.

O recuo seria a melhor estratégia, mas isso parece nobre demais para figuras políticas tão patéticas que ocupam os cargos de poder entre os "ocidentais". Uma rápida olhada na equipe de governo de Trump e logo vemos que o fundo do poço é a meta a ser atingida.

Trump entraria para a história se transferisse a culpa pela vitória da Rússia através do reconhecimento público de que as ações dos governos Obama-Biden, que começaram em 2014, foram erradas, e que os Estados Unidos devem respeitar os interesses de segurança de todos os países, abandonando táticas como sanções, golpes e invasões.

Admitir que tudo na Ucrânia foi iniciado por causa da necessidade da Rússia de se proteger contra uma possível ameaça de mísseis nucleares, seria uma saída honrosa. O problema é que esta atitude exige grandeza.

Trump precisaria apenas mostrar que a Rússia agiu exatamente como os EUA, quando os norte-americanos buscavam se defender da antiga União Soviética durante a Crise dos Mísseis Cubanos.

Outro problema é que o Donald Trump da campanha não existe mais. O que tem sido visto na formação do seu governo é desanimador. Cercado de sionistas messiânicos e neoconservadores loucos, tudo que Trump anuncia - geralmente em tom de ameaça - soa caricato.

Em relação à OTAN e à Rússia, por exemplo, suas exigências de que a Rússia retire suas demandas sobre a Ucrânia não são suficientemente sérias para que alguém com mais de dois neurônios possa acreditar nas boas intenções de garantir a paz.

Em vez disso, Trump ameaça a todos que ousam desperta-lo do sonho de força dos EUA, mesmo com a exposição de todos os sinais de que esta força não existe mais.

Nem mesmo os equipamentos bélicos dos EUA conseguem ser os melhores da atualidade, reduzindo em muito a usual arma de dissuasão.

No sonho de Trump e seus cúmplices aloprados há sanções econômicas contra vários países, taxações contra a União Europeia e China, apoio aos abusos de Israel no Oriente Médio, inclusive incentivando o ataque ao Irã, anexação do Canadá, roubo da Gronelândia, guerra contra o Panamá, guerra contra o México, etc.

Como vemos, Trump é um acidente prenunciado. Quando Kamala perdeu a eleição para Trump, comentei na TPA que o grande vencedor era Joe Biden, pois este havia se livrado da derrota eleitoral e da culpa por ter conduzido os EUA ao declínio total.

Para piorar, os planos de Trump e seus aloprados também inclui o uso da produção de petróleo dos EUA como arma contra a Rússia. Isto nos permite afirmar que só enxerga viabilidade nessas estratégias quem dormiu nos anos oitenta e acordou há poucos meses.

A escolha de conselheiros sionistas e neoconservadores explica, mas não justifica, a postura de Trump de promover uma agenda belicosa, nitidamente fadada ao fracasso completo, especialmente por não considerar os custos e condições logísticas de uma guerra, com ênfase à China e à questão de Taiwan.

As políticas de Trump anunciam um desastre. Caso ele não mude radicalmente sua abordagem em relação às questões internacionais, os impactos na própria economia norte-americana serão irrecuperáveis no médio prazo.

Se Trump não mudar, aos europeus restará - para evitar consequências ainda mais desastrosas - uma mudança de rumo, buscando no bloco econômico BRICS uma relação baseada no respeito mútuo.

 

 

Autor: Wellington Calasans (jornalista, correspondente da Televisão Pública de Angola na Europa, analista de política internacional)

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