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Ruanda invade o este do Congo e desencadeia uma guerra civil
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Publicado em 03/02/2025

O governo da República Democrática do Congo (RDC) relata um "verdadeiro massacre" e um panorama "sombrio" e "catastrófico" em Goma, no norte de Kivu, enquanto os meios de comunicação informam sobre o avanço dos rebeldes em direção a Bukavu, capital da província de Kivu do Sul, o que levanta temores de uma escalada regional.

No leste do Congo, pelo menos 773 pessoas morreram e outras 2.880 ficaram feridas nos confrontos pelo controle da cidade de Goma entre as Forças Armadas Congolesas (FARDC) e os rebeldes do M23, apoiados por Ruanda, em apenas quatro dias (entre 26 e 30 de janeiro), anunciou o ministro da Saúde, Samuel Roger Kamba, no sábado em uma coletiva de imprensa. No dia anterior, o governo congolês havia mencionado um "verdadeiro massacre" nas atas de seu Conselho de Ministros.

O ministro da Saúde esclareceu que o balanço de mortos e feridos divulgado referia-se apenas aos números registrados em instituições de saúde. "Infelizmente, há muitos feridos que não conseguiram chegar [aos centros de saúde] devido às condições desfavoráveis", lamentou. "Espera-se que os números aumentem à medida que mais informações sejam disponibilizadas", afirmou o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, destacando que o balanço era provisório.

No terreno dos confrontos, enquanto os meios de comunicação relatam a queda de Goma, na província de Kivu do Norte, para o M23 e forças armadas ruandesas, há relatos de que o grupo agora tenta avançar para a vizinha província de Kivu do Sul, especialmente em direção à cidade mineradora de Nyabibwe e à capital regional, Bukavu. A ONU constatou um fluxo de feridos que está sobrecarregando os hospitais em Goma e Bukavu.

Com a rápida deterioração da situação em Goma, o presidente Félix Tshisekedi exigiu do governo a implementação de um plano humanitário de emergência para a população afetada nesta metrópole de mais de dois milhões de habitantes, incluindo pelo menos 500.000 deslocados. O deputado Jean Baptiste Muhindo Kasekwa também descreveu a situação em Goma como "sombria e catastrófica". Por sua vez, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) acusou o M23 de "execuções sumárias", com pelo menos 12 mortes entre 26 e 28 de janeiro.

Diante do avanço do M23, os ministros das Relações Exteriores do G7 pediram ao grupo e ao exército ruandês que cessem a ofensiva na RDC. O chefe das operações de paz da ONU, Jean Pierre Lacroix, expressou preocupação com o movimento dos rebeldes rumo a Bukavu, o que, segundo ele, pode levar a uma escalada regional.

Lacroix também alertou para os riscos de o conflito ultrapassar as fronteiras congolesas: "Considerando o passado, isso pode se transformar em um conflito regional amplo". O presidente do Burundi acusou Ruanda de desestabilizar a região: "Se Ruanda continuar com suas conquistas, a guerra pode se generalizar".

As declarações ocorrem em meio a tensões recentes entre Ruanda e África do Sul após uma cúpula virtual da Comunidade da África Oriental (CAO) em 29 de janeiro, da qual o presidente congolês Tshisekedi não participou. Na ocasião, o presidente ruandês, Paul Kagame, acusou seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, de distorcer fatos e mentir.

A África do Sul é um dos principais contribuintes de tropas para a Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral na RDC (SAMIDRC), que atua junto à Missão da ONU no Congo (MONUSCO) e às FARDC. Enquanto tentam conter os rebeldes, esforços diplomáticos, como o processo de Luanda (mediado por Angola) e a mediação recente do Quênia, enfrentam dificuldades devido à falta de cooperação de Ruanda.



Doze anos de guerra promovida por Ruanda


Há anos, o Congo enfrenta uma guerra mortal impulsionada pela rebelião do M23, ativa em Kivu do Norte. O grupo, criado em 2012 por oficiais dissidentes, recebe apoio de Ruanda. Relatórios da ONU destacam o fornecimento de armas e tropas ruandesas ao M23, alimentando instabilidade na região dos Grandes Lagos.

Após a cúpula extraordinária da SAMIDRC, Ruanda negou veementemente acusações de envolvimento militar, alegando que suas forças atuam apenas na defesa de suas fronteiras. O governo ruandês contra-atacou, acusando a SAMIDRC de apoiar "a guerra do governo congolês contra seu próprio povo" e sugeriu uma conspiração entre a missão de paz e as FARDC para atacar Ruanda.

No entanto, evidências documentadas por fontes internacionais, incluindo relatórios da ONU e análises independentes, confirmam o apoio militar, logístico e estratégico de Ruanda ao M23, contradizendo as negações oficiais. A situação permanece crítica, com riscos de expansão do conflito.



Traduzido com DeepSeep



Fonte: https://mpr21.info/ruanda-invade-el-este-de-congo-y-desancadena-una-guerra-civil/

 

Crédito da foto: mpr21.infp

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